O ministro da Segurança do Reino Unido, Ben Wallace, admitiu que o governo usa menores como espiões e que pretende recrutar mais na ajuda à investigação de terrorismo, violência de gangues, tráfico de drogas e exploração sexual.
Crianças, menores de 18 anos, estão a ser recrutadas como agentes à paisana. Segundo o The Telegraph, crianças já têm sido usadas como “fontes secretas de inteligência humana” (CHIS) nos últimos anos para fornecerem informações à polícia sobre vários tipos de crimes.
“Considerando que os jovens estão cada vez mais envolvidos como autores e vítimas de crimes graves, incluindo terrorismo, violência de gangues e delitos de drogas e exploração sexual infantil, há cada vez mais espaço para que as CHIS juvenis ajudem na prevenção e no julgamento de tais crimes“, disse Ben Wallace.
A falta de consideração pela segurança de menores de idade foi trazida a tribunal pelo Just for Kids Law. O grupo alega que as crianças podem sofrer danos físicos e emocionais ao servirem como espiões ao serviços do governo britânico.
Em sua defesa, a Administração Interna diz que apenas recorre quando é necessário aos menores e que estes podem ter um papel fundamental na luta contra o crime. O Just for Kids Law não pareceu aceitar a justificação e diz que se trata de uma violação dos direitos humanos das crianças.
Ainda recentemente, a legislação mudou e alargou o tempo que menores de idade podem estar infiltrados secretamente de um para quatro meses. A extensão foi justificado pelo facto de a Administração Interna estar a exigir resultados num espaço tão curto de tempo, pelo que quatro meses permitem uma maior flexibilidade.
Caoilfhionn Gallagher, advogada do Just for Kids Law, realçou um caso “chocante” em que uma jovem de 17 anos foi recrutada pela polícia para espiar um homem que a agrediu sexualmente e que continuou a fazê-lo enquanto estava infiltrada. A jovem acabou por ser testemunha de um homicídio mais tarde.
Também Neil Wood, um antigo polícia disfarçado que liderava menores espiões, disse em tribunal que estas operações conseguem ser altamente perigosas. Durante a sua carreira, o britânico teve conhecimento de casos em que os espiões era insultados, torturados e queimados caso o criminoso suspeitasse que se tratavam de informadores.