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“O Governo quer salvar o Natal”. Reino Unido alivia regras para atrair camionistas estrangeiros

O Governo britânico anunciou esta sexta-feira a suspensão temporária das regras sobre o número de entregas de mercadorias que os camionistas estrangeiros podem fazer no Reino Unido de forma a atenuar o impacto da escassez de profissionais no país pós-Brexit.

Até agora, os motoristas da União Europeia (UE) só podiam fazer duas entregas no prazo de sete dias após a chegada ao Reino Unido.

Segundo as novas regras, que o Governo espera adotar antes do Natal, os camionistas poderão fazer um número ilimitado de viagens durante um período de duas semanas. “Isto é o equivalente a adicionar milhares de motoristas de camião às estradas”, afirmou o ministro dos Transportes, Grant Shapps, à Sky News.

Porém, a Associação de Transporte Rodoviário considera que esta medida vai retirar trabalho às transportadoras britânicas porque os camionistas europeus recebem salários mais baixos, podendo oferecer preços mais competitivos.

O Governo claramente quer salvar o Natal e ser visto como estando a salvar o Natal, e motoristas adicionais claramente ajudarão nas entregas de Natal. De um ponto de vista simples e populista, é possível ver o que eles estão a fazer”, comentou o presidente da organização, Rod McKenzie.

O Governo tem estado sob pressão de vários setores para procurar soluções para a escassez de mão de obra, causada por uma combinação de fatores, incluindo a pandemia Covid-19 e o Brexit, pois as novas regras para a imigração complicam o recrutamento na UE.

Estima-se que faltem cerca de 100 mil camionistas no Reino Unido, o que já está a ter consequências no abastecimento de supermercados e postos de combustíveis, o que levou o Governo a criar cinco mil vistos de trabalho temporários.

A escassez de motoristas de veículos pesados também agravou o congestionamento dos portos em todo o mundo e em particular em Inglaterra, de onde vários navios porta-contentores com produtos para o Natal tiveram recentemente de ser desviados para portos europeus.

As pressões são muito reais, é claro, mas as pessoas vão conseguir comprar produtos no Natal”, prometeu Shapps.

Além do setor rodoviário, o Reino Unido também enfrenta escassez de cerca de 15 mil talhantes, o que está a dificultar aos produtores o envio de carne para os supermercados, aumentando o risco de um abate de animais em grande escala.

Diante de um “conjunto único de pressões exercidas sobre o setor suíno nos últimos meses, como as repercussões da pandemia e os seus efeitos nos mercados de exportação”, o ministro do Ambiente, George Eustice, anunciou na noite de quinta-feira a emissão de 800 vistos temporários para talhantes estrangeiros. Uma iniciativa que, segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Agricultores (National Farmers Union, NFU), Tom Bradshaw, representa um “passo na direção certa”.

// Lusa

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