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“Não é o meu regimento, querida, sou só eu dentro de um grande pássaro a caminho daí”

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Airwolfhound / Flickr

Aeronave de transporte militar Hercules C-130

Em plena Guerra Fria, um mecânico norte-americano roubou um avião numa base militar britânica para ir ter com a mulher e com o filho à Virgínia, a 3.000 quilómetros de distância. Mas nunca chegou ao seu destino.

Paul Meyer, sargento mecânico da Força Aérea norte-americana destacado em East Anglia, no Reino Unido, foi assolado por uma saudade gigantesca de casa. Uns dias antes tinha pedido que o mandassem de volta à sua base original, na Virgínia, mas o seu pedido foi diferido.

O mecânico de 23 anos ficou chateado e decidiu ir ter com os seus colegas a uma festa. Segundo os registos feitos pelos jornais da altura, Meyer ficou extremamente violento. Foi então que fugiu pela janela e dirigiu-se para a A11, uma das principais auto-estradas de Inglaterra.

A polícia prendeu o jovem por desacatos à calma da zona e levou-o à caserna. Ordenou que se fosse deitar, mas o rebelde Meyer, em vez disso, foi ao quarto do capitão Upton e roubou as chaves da sua carrinha.

Segundo o Expresso, o mecânico conduziu até ao centro de comunicações da pista do aeroporto da base e, usando o nome de Capitão Epstein, pediu que um avião com combustível suficiente para o levar até à Costa Leste dos Estados Unidos fosse imediatamente preparado.

As ordens foram acatadas, a tribulação colocou na pista 29 um Hercules C-130 e, pelas 05h00 do dia 23 de maio, numa madrugada nublada e chuvosa, Meyer estava no ar.

Mary Ann Jane Goodson acordou de repente com uma chamada de Paul. O jovem mecânico disse-lhe que estava a ir para a casa, e de imediato a mulher lhe perguntou se o regimento já estava de volta.

“Não é o meu regimento, querida, sou só eu, estou dentro de um grande pássaro a caminho daí”, disse Meyer ao telefone dentro do avião.

Mary Ann tem muito presente a conversa daquela noite, em que ficou com o coração nas mãos pela ansiedade que a loucura do marido lhe causara. Quando percebeu que Meyer tinha roubado o avião, pediu que voltasse para trás.

Querida, já te ligo, estou aqui com um problema”, foi um indício de que aquela noite não acabaria bem e a última frase do mecânico. Depois de uma hora e quarenta e cinco minutos sobre o Canal da Mancha, o avião caiu.

O relatório oficial da Força Aérea norte-americana menciona que um avião caça F-100 e um outro C-130 levantaram da base da Força Aérea britânica numa tentativa de “prestar assistência” a Meyer, mas as teorias da conspiração são inúmeras desde que o avião de Meyer se despenhou.

A verdade é que nada se sabe. A história foi agora relembrada porque um grupo de marinheiros e exploradores marítimos, os Deeper Dorset, puseram no mar uma missão de reconhecimento com o objetivo de encontrar os destroços deste avião, 49 anos depois.

A família ainda não desistiu de saber o que se passou com Meyer. E, mesmo que seja verdade a teoria de que os militares aliados tiveram medo de que o mecânico fosse desertar com documentos secretos (tendo disparado), a família precisa de saber.

ZAP // BBC

4 Comments

  1. E lá vou eu de novo: “mas o seu pedido foi diferido”. Não será “indeferido”? O revisor foi outra vez de férias? Oito dias em cada sete? Pobre Língua!

    • Sr. Fernando; Não tem razão. Consulte o dicionário. “Indeferido” é um adjectivo que significa que não foi aceite, não teve despacho, que não foi deferido. “Diferido” é igualmente um adjectivo que significa ter sido adiado para mais tarde, para outra ocasião. É sinónimo de “adiado”. Portanto “diferido” ou “indeferido” têm aqui o mesmo significado. O revisor não foi de férias, esteve bem presente! E a língua, como vê, não é nada pobre, aliás, até bastante rica.

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