Refugiado yazidi que entrou em greve de fome já tem estatuto de refugiado

Tiago Petinga / Lusa

Há três dias que Saman Ali estava em greve de fome e sede na sua casa em Guimarães contra os atrasos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Na quarta-feira pôde finalizar o seu protesto: Saman Ali já tem estatuto de refugiado em Portugal.

O advogado de Saman Ali recebeu a notificação da decisão pelas 20h33 de quarta-feira. O documento está assinado pelo ministro da Admnistração Interna, Eduardo Cabrita, e pelo diretor nacional do SEF, Carlos Matos Moreira. Junto seguiu também o relatório explicativo do Gabinete de Asilo e Refugiados, avança o Expresso.

O estatuto de refugiado concedido a Ali juntou-se à emissão de autorização de residência em território nacional, válida por cinco anos e renovável, salvo se razões de segurança nacional ou ordem pública o impedirem. Foram estes os documentos que travaram uma greve de fome que já tinha levado o refugiado ao hospital.

O pedido do cidadão iraquiano terá ficado concluído dentro do prazo determinado para os pedidos de março de 2017, seguindo os trâmites normais e não tendo sofrido alterações ao calendário previsto, explicou uma fonte próxima do processo.

Esta não foi a primeira vez que Saman protesta. A 5 de maio, dois meses depois da sua chegada a Portugal, escreveu uma carta pública ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, onde revelava que o seu primeiro título de residência terminava nessa semana e o quanto receava perder mais um país. O protesto resultou com a revalidação a chegar pouco depois.

Ao Expresso tinha contado: “Um dia antes de acabar fui ao SEF de Braga, já desesperado. Disseram-me que é normal o prazo caducar, que não há problema em ficar ilegal e que  depois me ligam. Como é que podem aceitar que esteja ilegal e que isso não seja um problema?”.

“Não posso ir ao hospital, não posso comprar medicamentos, não posso sequer sair de casa porque não tenho identificação válida e os meus papeis de residência expiraram. É como se estivesse numa prisão. E eu quero voltar a viver“, adianta.

Quando chegou a Portugal, ainda no aeroporto de Lisboa jurou fidelidade, “o meu segundo país para sempre”. E manteve a promessa, mesmo quando os companheiros de viagem começaram a partir. Ficou só ele. O único yazidi que resta em Portugal.

ZAP //

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