Saman Ali, o único refugiado yazidi que permanece em Portugal e que entrou, esta segunda-feira, em greve de fome para exigir que lhe seja atribuído o estatuto de refugiado acabou por ser hospitalizado em Guimarães.
Em declarações à TSF, Teresa Tito de Morais, presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), confirmou que Saman Ali está internado no hospital de Guimarães e que a situação é complicada.
“Percebe-se que é uma pessoa que tem algumas perturbações, com alguns problemas complicados do foro psicológico“.
O iraquiano de 34 anos, que chegou a Portugal em março deste ano, entrou esta segunda-feira em greve de fome para exigir a atribuição do estatuto de refugiado: “As autoridades serão responsáveis pela minha morte”, acusou.
“Ele quer já o estatuto de refugiado e esse processo leva um pouco de mais tempo, mas com a autorização de residência provisória ele pode trabalhar, tem acesso ao SNS, mas o problema é que está numa grande instabilidade e angústia“, explica a responsável.
Ali foi o primeiro refugiado yazidi a chegar a Portugal e, neste momento, é o único do grupo de mais de 20 pessoas que ainda se encontra por cá, uma vez que os restantes acabaram por sair, sobretudo, para a Alemanha.
Teresa Tito de Morais explica que isto se deve ao facto deste país apresentar melhores condições e uma comunidade maior, além disso, “há toda uma estrutura já montada que Portugal ainda não tem”.
O SEF garante que a autorização provisória de residência já foi renovada e fonte do Ministério da Administração Interna esclareceu à agência Lusa que o processo de asilo “está em fase de conclusão e prestes a ser tomada a decisão final quanto à concessão do estatuto de proteção internacional”.
Esta não é a primeira vez que Ali protesta. A 5 de maio, dois meses depois da sua chegada a Portugal, escreveu uma carta pública ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na qual revelava que o seu primeiro título de residência terminava nessa semana e o quanto receava perder mais um país.
O refugiado tem acompanhamento psiquiátrico no departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de Guimarães desde abril. Os primeiros sintomas depressivos surgiram ainda na Grécia associados às vivências traumáticas no Iraque.