Anúncio da reforma na saúde é a “coisa mais estranha do mundo”

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António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

Marques Mendes vê com estranheza o anúncio da reforma na saúde, que foi feito pela Direção-Geral do SNS em vez de pelo Governo.

No seu espaço de comentário televisivo semanal, Marques Mendes questionou o plano do Governo para combater o aumento do custo de vida. Mediante o fim do IVA 0% previsto para Outubro, o conselheiro de Estado confirma que a medida será prolongada, algo que considera “correto”.

Sobre o aumento das prestações do crédito à habitação, Marques Mendes avança com outra boa notícia. “Confirmei que em meados de setembro o Governo vai reforçar os apoios às famílias com duas medidas: o alargamento da bonificação de juros para taxas de esforço superiores a 35% e 50%; e a criação de uma nova oferta dos bancos que garanta a diminuição das prestações nos dois próximos anos”, revela.

A falta de alojamento para os estudantes também foi abordada pelo comentador. “Em 2018, o Governo prometeu construir, até 2023, cerca de 12 mil novas camas. No máximo construiu mil. O problema agravou-se“, aponta.

Marques Mendes critica ainda a “confusão ministerial” e as informações contraditórias do Governo. “A Ministra do Ensino Superior anunciou esta semana que até 2026, com verbas do PRR, teremos mais 15 mil novas camas. Afinal, consultado o Ministério, não são 15 mil novas camas, mas apenas 11.699”, explica.

A resposta do Governo também responde a “apenas 25% do que é necessário”, dado estarem previstas 26 722 novas camas até 2026 quando são precisas 108 mil.

Reforma da saúde é a “coisa mais estranha do mundo”

Sobre a criação de 31 novas Unidades Sociais de Saúde, Marques Mendes considera “muito estranho que uma reforma do Governo seja apresentada pela Direção Executiva do SNS”.

“Não é que Fernando Araújo não seja competente. Mas não é governante. Uma reforma como esta devia ser apresentada pelo Ministro da Saúde ou até pelo próprio PM. Deste modo, o que parece é que o Governo tem medo de dar a cara pela reforma”, comenta.

O conselheiro de Estado questiona ainda como é que esta reforma vai funcionar na prática. “Vão diminuir as listas de espera para consultas e cirurgias? Qual o plano concreto que existe? O número de utentes sem médico de família vai reduzir-se? De que forma? Com que calendário?”, pergunta.

“Eu acho uma estranheza total e completa, é a coisa mais estranha do mundo. A direção executiva do SNS diz que é uma revolução, diz que isto é uma mudança profunda, basicamente é pegar em hospitais e centros de saúde, cuidados hospitalares, cuidados primários e fazer uma espécie de gestão conjunta”, frisa.

Europeias mais “nacionalizadas” de sempre

Com o arranque de Setembro, começa um novo ano político que trará vários eventos importantes, como as eleições regionais na Madeira marcadas para dia 24. “Uma maioria da coligação liderada pelo PSD reforça Montenegro. Sem uma maioria, surge o “pesadelo” do Chega. As sondagens dão vitória clara a Miguel Albuquerque”, antecipa o ex-líder do PSD.

Costa e Montenegro vão ser testados nas eleições europeias de 2024, que Marques Mendes acredita que serão as mais “nacionalizadas” de sempre. “O primeiro-ministro precisa de ganhar para evitar instabilidade, com risco de cartão amarelo. Montenegro precisa de vencer para reforçar liderança. Risco é o Chega”, refere.

As europeias prometem ainda ser testes importantes para as novas lideranças no PCP, Bloco, Iniciativa Liberal e CDS. Mas mesmo que o PS saia derrotado, “não é nada provável nem desejável” que a Assembleia da República seja dissolvida. “A derrota do PS pode gerar agitação, mas não dissolução”, remata.

ZAP //

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4 Comments

  1. O ministro rato como é, não quis estar na apresentação desta medida. Deixou o Araújo sozinho porque não concorda com as medidas por ele propostas. E assim continua a miséria no SNS.

  2. com o incremento da população muito à custa da imigração e com a redução da mão de obra na saúde no estado duvido que algo melhore…
    não basta mexer… é preciso contratar e nao se percebe porque não se contrata para o SNS e depois por valores 4,5 ou mais vezes contrata-se tarefeiros…

    isto é um negócio de biliões logo à muitos interesses privados instalados que manipulam os N/ governantes para garantir as suas atividades. basta ver simples caso de alto governantes que saem do estado e ingressam no privado…

  3. A Nau SNS é o Titanic a afundar-se , obrigado a todos os “Desgovernos” que tudo fizeram e hoje faz para Privatizar a Saúde Pública . Quem tem posses Económicas safa-se , os “Outros” podem morrer silenciosamente !

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