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Referendo na Escócia alimenta aspirações da Catalunha

Lohen11 / wikimedia

Manifestação pela independência da Catalunha

Manifestação pela independência da Catalunha

O referendo de quinta-feira sobre a independência da Escócia está a “alimentar” os argumentos dos que defendem a possibilidade de colocar a mesma pergunta, numa consulta pública, aos habitantes da região espanhola da Catalunha.

A posição dos que se opõem a uma qualquer consulta independentista aos catalães é destacarem as diferenças entre as duas realidades, nomeadamente pelo facto de a consulta escocesa ter sido acordada.

As diferenças de perspetiva ficaram patentes na semana passada em declarações de Artur Mas, presidente do Governo regional da Catalunha, e de Alex Salmond,
ministro principal da Escócia.

Para Mas “um Sim no referendo escocês abriria caminho para a independência da Catalunha“, diluindo ao mesmo tempo as oposições que permanecem na Europa
sobre a “reintegração” na UE de quem avance para a independência.

“O primeiro fator será a reação dos líderes europeus (…) que aceitarão o resultado do referendo escocês”, disse Mas, considerando que começariam de imediato as conversações entre Edimburgo, Londres e Bruxelas “para manter a Escócia dentro da UE”.

Alex Salmond, por seu lado, preferiu destacar o “fator chave”, nomeadamente o facto de o referendo escocês ter sido acordado com o Governo britânico, algo que as forças soberanistas da Catalunha não conseguiram com o Governo espanhol.

Numa conferência de imprensa na semana passada – em que foi questionado sobre este tema – Salmond disse não pretender “dar conselhos a ninguém”, mas insistiu que “o processo da Escócia é a melhor forma de levar a cabo um referendo de independência”.

“O fator chave deste processo é que foi acordado entre o Governo do Reino Unido e o da Escócia. Ambos os Governos estão a atuar em defesa do interesse da Escócia e do resto do Reino Unido. Essa é uma diferença crucial”, destacou, recordando que este ponto foi já apontado por diversas vezes pelo Governo espanhol.

Com ou sem diferenças, as comparações entre os dois momentos políticos tem vindo a aumentar, evidenciando-se, por exemplo, na cobertura que grande parte da imprensa internacional deu às manifestações que na passada quinta-feira marcaram a Diada, o dia regional catalão.

Dezenas de jornais relacionaram, tanto nas suas edições online como na sua cobertura em papel, as aspirações na Catalunha com o referendo de quinta-feira na Escócia.

E o mesmo deverá voltar a acontecer, especialmente porque esta semana será marcada, na Catalunha, pelo tema da consulta prevista para 9 de novembro, que deverá dominar tanto o Debate de Política Geral, no parlamento regional, como a sessão extraordinária de sexta-feira.

Assim, depois de três dias de debate político, que começa hoje à tarde, haverá uma interrupção de um dia – na quinta-feira, dia do referendo na Escócia – antes das forças políticas catalães aprovarem a nova lei de consultas.

O diploma é essencial na estratégia catalã para contornar a oposição à consulta do parlamento nacional espanhol e pode ser um elemento central de resposta a uma eventual decisão negativa do Tribunal Constitucional sobre essa mesma consulta.

Mesmo reconhecendo as diferenças, tantos os defensores como os opositores à consulta reconhecem que o que acontecer na Escócia pode acabar por ter impacto na Catalunha.

Daí que se antecipe no debate de sexta-feira – e independentemente de qual for o resultado na Escócia – amplas referências ao histórico referendo de quinta-feira.

/Lusa

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