Revelado o rasto de destruição deixado pelo asteróide que dizimou os dinossauros

Um novo estudo revela o rasto de destruição deixado pelo asteróide que dizimou os dinossauros, há 66 milhões de anos.

Pequenas manchas brancas pontilham uma zona de rochas ao longo do Rio Brazos, no Texas, Estados Unidos. À primeira vista não passam disso mesmo — pequenas manchas —, mas a realidade é que escondem pistas sobre o dia mais catastrófico da história do nosso planeta. 

Há 66 milhões de anos, um enorme asteróide atingiu a Terra, causando uma cratera com mais de 180 quilómetros de diâmetro, conhecida como cratera Chicxulub.

O impacto desencadeou incêndios florestais e tsunamis. De seguida, as oscilações do clima deram início à extinção de cerca de 75% de todas as espécies, incluindo os dinossauros não-aviários. Foi o princípio do fim do seu fim.

Uma equipa de investigadores recorreu agora às pequenas pedras encontradas no Texas, conhecidas como lapilli, para revelar novos detalhes sobre o que aconteceu nos minutos após o impacto do asteróide, escreve a National Geographic.

Os resultados do estudo publicado este mês na revista científica Geology mostram que o asteróide atingiu com tanta força a Terra que vaporizou instantaneamente uma espessa camada de rocha, enviando uma pluma gasosa para o ar juntamente com fragmentos rochosos explodidos da superfície.

O impacto, localizado naquilo que é hoje o México, fez “chover” lapilli a milhares de quilómetros de distância, incluindo Belize, Texas e até Nova Jersey.

O lapilli também pode conter pistas sobre quanto dióxido de carbono permaneceu na atmosfera após o impacto, que causou um período estimado de até 100 mil anos de aquecimento global.

A análise de isótopos de carbono e oxigénio no novo estudo apoia a tese de um mecanismo sugerido anteriormente: os gases condensados das rochas vaporizadas podem agir como cola lapilli, mantendo os pequenos aglomerados juntos.

David Burtt, autor principal do artigo, diz ainda que os cientistas conseguiram medir a temperatura da nuvem de gás que se dissipou no ar há milhões de anos após o impacto. Os resultados indicam que as pequenas pedras formaram-se a 155 ºC.

“O que há de novo é que eles realmente fixaram uma temperatura num tipo específico de objeto”, salienta David Kring, que dedicou muita da sua investigação à cratera Chicxulub, mas que não participou no estudo.

Estudos anteriores indicavam a possibilidade de se terem registado temperaturas ainda mais altas e sugeriam que o impacto terá causado incêndios até 2.500 quilómetros de distância.

À volta do local do impacto, as temperaturas teriam sido altas o suficiente para causar a ignição instantânea das plantas. Num estalar de dedos, todas as plantas na zona ficaram reduzidas a cinzas.

A formação de lapilli dentro da nuvem de vapor consumiria parte do dióxido de carbono, influenciando alterações climáticas nos anos após a colisão do asteroide.

A mistura de emissões de enxofre, dióxido de carbono e vapor de água levou a um aquecimento espontâneo da Terra, que desmoronou cadeias alimentares e enviou inúmeras espécies rumo à extinção.

Daniel Costa, ZAP //

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