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Ramalho Eanes vai ao 25 de abril na AR (mas discorda da “modalidade”)

Tiago Petinga / Lusa

O antigo presidente da República, António Ramalho Eanes

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes vai estar presente na sessão solene de comemoração do 25 de Abril, na Assembleia da República (AR), por uma questão de “responsabilidade institucional”, mas discorda da “modalidade”.

Em declarações à agência Lusa, a chefe de gabinete do antigo chefe de Estado afirmou que “o senhor general Ramalho Eanes estará presente na cerimónia por uma questão de responsabilidade institucional”.

De acordo com a mesma fonte, o antigo Presidente da República concorda com esta comemoração mas “discorda da modalidade utilizada” pelo parlamento, mas ainda não sabe se irá tomar medidas de proteção face à covid-19.

O convite chegou às suas mãos no domingo, cerca das 20:00, disse.

O semanário Expresso detalha que Manuela Eanes, que também foi convidada para a celebração na Assembleia da República, optou por não ir.

Devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, a AR decidiu na quarta-feira realizar a sessão solene do 25 de Abril no parlamento com um terço dos deputados (77 dos 230 parlamentares) e menos convidados, com o gabinete de Ferro Rodrigues a estimar que estejam presentes cerca de 130 pessoas, contra as 700 do ano passado.

A decisão da conferência de líderes teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP – que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país – e o Chega foram contra.

Jorge Sampaio não estará presente

O antigo Presidente da República Jorge Sampaio não vai estar presente na sessão solene que assinala o 46.º aniversário do 25 de Abril por razões de saúde. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo gabinete do antigo chefe de Estado à agência Lusa.

Jorge Sampaio, de 80 anos, não se vai deslocar ao parlamento no próximo sábado “por razões de saúde, de idade e da pandemia” de covid-19 porque “integra um grupo de risco”, mas “verá a cerimónia pela televisão”, explicou a fonte.

O ex- chefe de Estado “já recebeu o convite e também já respondeu” que não iria estar presente.

Celebração envolta em polémica

Nos últimos dias tem-se intensificado a polémica à volta do tema, com duas petições ‘online’ em sentido contrário: uma que pede o cancelamento da sessão solene no parlamento, lançada há vários dias, e que recolhia por volta das 20:30 desta segunda-feira cerca de 87.500 assinaturas, enquanto outra que defende a celebração pela AR, colocada ‘online’ no sábado, contava com mais de 18.700 subscritores, encabeçada por históricas figuras de esquerda como Manuel Alegre, Fernando Rosas e Domingos Abrantes.

No sábado, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que não iria à sessão solene do 25 de Abril no parlamento, por a considerar “um péssimo exemplo para os portugueses”, e o deputado único do Chega, André Ventura, escreveu ao presidente do parlamento, pedindo a Ferro Rodrigues que cancele a sessão, dizendo que esta “está a gerar um enorme sentimento de revolta e indignação no povo português”.

Em declarações ao jornal Público no sábado, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, assegurou que, “mais do que em qualquer outro momento, o 25 de Abril tem de ser e vai ser celebrado na AR”. “Celebrar o 25 de Abril é dizer que não sairá desta crise qualquer alternativa antidemocrática“, afirmou a segunda figura do Estado.

Esta segunda-feira, os serviços da Assembleia da República e representantes da Direção-Geral de Saúde vão ter uma “reunião de trabalho” sobre a sessão solene.

ZAP // Lusa

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