Dezenas de pessoas partiram este sábado da praia do Areinho de Crestuma, em Vila Nova de Gaia, a bordo de 15 jangadas construídas a partir de materiais reciclados, tudo em defesa da conservação do rio Douro e ambientes circundantes.
Realizada pelo oitavo ano consecutivo, esta descida fluvial fez-se, numa primeira etapa, até ao Areinho de Avintes e pretende alertar para a “qualidade fraca no que diz respeito à biodiversidade” do rio Douro, disse à Lusa Gil Pereira, da direção da Organização para a Promoção dos Ecoclubes OPE, que organizou o passeio.
“Não é por acaso que os três locais que poderiam ser considerados praias fluviais, a seguir à barragem de Crestuma, não o são devido à qualidade da água”, explicou o organizador, para quem ainda existe “muito a fazer contra a artificialização das margens, especialmente as mais próximas das zonas urbanas do Porto e de Gaia.”
Todas as jangadas desceram o rio com mensagens de alerta para diversos cuidados a ter com o ambiente, algumas escritas em velas de pano, outras no possível casco das embarcações, mas todas elaboradas por diversas associações ambientais e escuteiros que quiseram fazer chegar as suas preocupações ecológicas a quem conduzia, pescava ou passeava nas margens do Douro.
Num barco feito de barris de latão, cordas e paletes de madeira, Alberto Cunha, contabilista na freguesia bracarense de Priscos, disse à Lusa que decidiu participar pela primeira vez pela “preocupação ambiental” que pretende incutir aos filhos, apesar de não saber nadar e, portanto, poder vir a “alimentar os peixes com o corpo e ajudá-los dessa forma”.
Para Carla Estêvão, professora de Biologia de 32 anos, fez todo o sentido participar com a família na descida de jangadas, fosse pela “experiência nova e diferente” que se lhe apresentou, fosse por ter “tudo a ver com a matéria” que leciona e com a defesa do ambiente.
À medida que já todas as jangadas flutuavam em preparação para a partida, a embarcação de Vladimir Viana, técnico de informática e chefe-adjunto dos escuteiros Pioneiros de Valbom, estava já submersa pela metade.
Enquanto os seus subordinados trabalhavam para resolver o problema, o comandante daquela jangada de juncos e cordas admitia que decidiu participar “sobretudo pela aventura”, apesar de pretender também “sensibilizar os miúdos, que vão navegar o rio pela primeira vez, para as condições da água”, no sentido de “tentarem ajudar a que não piorem”.
A oitava edição desta descida ambiental de jangadas pelo Douro foi acompanhada por barcos dos Bombeiros Voluntários de Crestuma e desenrola-se em duas etapas, culminando este domingo na ribeira de Gaia, depois de 15 km de rio e muita sensibilização ambiental.
/Lusa