A Quercus apresentou ao ministro do Ambiente uma proposta para definir regras para reduzir a distribuição gratuita de sacos de plástico nos supermercados de forma gradual, durante quatro anos, e defende os sacos reutilizáveis.
A associação de defesa do ambiente quer que seja “prevenida esta distribuição gratuita [de sacos de plástico] através de medidas que assentem essencialmente numa redução da distribuição não de forma acentuada, mas sim gradual, com metas de redução durante quatro anos, não só para os hipermercados, como para os estabelecimetnos comerciais”, disse hoje à agência Lusa Carmen Lima.
A técnica da Quercus referiu que o assunto deverá ser legislado o mais rápido possível, mas com uma aplicação com tempo para os consumidores voltarem a adaptar-se a novos hábitos e aos sacos que trazem de casa e voltam a ser usados.
Também é definido que “não haja uma indicação ou substituição dos sacos descartáveis por outro tipo de material, o que tem vindo a acontecer no Continente e no Jumbo, com a distribuição de sacos oxodegradáveis que não vão resolver o problema do plástico no ambiente, por isso, propomos que não sejam isentados em qualquer diploma”.
Na carta enviada ao ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, é especificado que os hipermercados devem diminuir gradualmente o número de caixas a oferecer sacos de plástico, com 25% no primeiro ano, 50% no segundo e 75% no terceiro, para chegar à totalidade no quarto ano.
Nas restantes lojas, o objetivo dos ambientalistas é estabelecer o mesmo prazo de quatro anos para a proibição da oferta de sacos e, até lá, promover campanhas de sensibilização dirigidas aos comerciantes e aos consumidores.
Carmen Lima recorda que há alguns anos houve uma proposta de diploma para legislar a distribuição de sacos em supermercados e não se aplicava aos oxodegradáveis e alerta que estes “têm problemas iguais ou ainda superiores ao plástico normal porque não é aconselhável serem encaminados para os recicladores“.
Os sacos biodegradáveis também são apontados como outra solução, mas para a Quercus é um saco mais caro e é bom para ser utilizado na recolha seletiva de resíduos orgânicos e não como saco do lixo porque se torna mais frágil.
O consumo de sacos em plástico descartável tem vindo a crescer e os portugueses utilizam muito mais sacos do que a média europeia. Enquanto em Portugal se estima que sejam utilizados 466 sacos por habitante, cada cidadão europeu consome, em média, 198 sacos de plástico por ano.
Em janeiro, o Parlamento Europeu apelou para que a União Europeia definisse medidas para reduzir os resíduos de plástico no ambiente pois, dos cerca de 100 mil milhões de sacos de plástico oferecidos anualmente pelas lojas e hipermercados da Europa, oito mil milhões vão poluir rios e ruas ou acabam dispersos na paisagem natural.
O programa para o ambiente e conservação do oceano (UNEP) estima que 80% da poluição marinha seja causada pela libertação de resíduos de plástico.
/Lusa