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Quem já teve covid-19 pode agendar vacina em junho. No verão, vacinados podem vir a deixar máscara

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José Coelho / Lusa

Os doentes recuperados há mais de seis meses de infeção por SARS-CoV-2 vão poder marcar a sua vacinação através do portal de auto-agendamento a partir da primeira semana de junho, confirmou fonte da task force responsável pelo processo.

Em resposta enviada à Lusa, o organismo liderado pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo prevê que a plataforma na Internet para a marcação da administração da vacina “esteja disponível para as pessoas que recuperaram de infeção por SARS-CoV-2, diagnosticada há, pelo menos, seis meses a partir da primeira semana de junho”.

De acordo com o que já havia sido adiantado pelo coordenador da task force, estas pessoas que já passaram pela doença há seis meses vão começar a ser vacinadas “de acordo com a faixa etária a que pertencem” e assim que “a esmagadora maioria das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos” já tenham sido vacinadas.

A entidade liderada por Gouveia e Melo prevê que até ao final deste mês de maio toda a população com mais de 60 anos estará vacinada, avançando-se, de se seguida, para as idades abaixo desta fasquia, por ordem decrescente, ou seja, dando prioridade às idades mais velhas.

Por outro lado, as pessoas com possibilidade de reação alérgica às vacinas contra a covid-19 serão vacinadas nos hospitais e acompanhadas por especialistas, para garantir a sua segurança, anunciou a task force que coordena a vacinação em Portugal.

“A vacinação destes utentes muito específicos é acompanhada por especialistas e pelos aparelhos médicos indicados para responder a qualquer situação que possa suceder”, adiantou à Lusa fonte da estrutura liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo.

Segundo a mesma fonte, antes da toma da vacina no processo normal, é solicitado a todos os utentes o preenchimento de um questionário do qual constam perguntas sobre o seu histórico de reações alérgicas.

“No caso de se verificar que a pessoa tem uma história de hipersensibilidade à substância ativa ou a algum dos excipientes da vacina, esta pessoa deverá ser referenciada, com carácter prioritário, a serviços de imunoalergologia, de acordo com a rede de referenciação hospitalar em imunoalergologia”, conforme está previsto na norma Direção-Geral da Saúde, explicou.

De acordo com a task force que coordena a logística da vacinação em Portugal continental, essas pessoas serão, assim, vacinadas em contexto hospitalar e não nos cuidados de saúde primários.

Na prática, nestas situações, os agrupamentos de centros de saúde articulam-se com os hospitais e os utentes reencaminhados deverão ficar a aguardar um contacto da unidade para onde foram referenciados, adiantou.

7,2 milhões de portugueses podem deixar a máscara

Segundo o Correio da Manhã, se as previsões de Henrique Gouveia e Melo se concretizarem, – 70% da população portuguesa com pelo menos uma dose da vacina em agosto -, cerca de 7,2 milhões de portugueses poderão, nessa altura, deixar de usar máscara.

A hipótese é colocada em cima da mesa por vários especialistas, depois de o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos da América ter anunciado que a máscara deixa de ser obrigatória para quem já está completamente vacinado.

“A decisão parece-me precipitada já que a cobertura vacinal não é assim tão significativa, mas consigo perceber, porque há muita resistência à vacinação nos EUA e esta medida pode ser um incentivo”, explica ao CM o bastonário da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães acredita que um cenário destes só será possível, em Portugal, “quando a imunidade de grupo for atingida”.

De acordo com o CM, um grupo de peritos já enviou uma proposta de alívio de medidas para vacinados às autoridades de saúde.

Para Manuel do Carmo Gomes, epidemiologista, tendo em conta que a cobertura vacinal “ronda os 90%”, seria prematuro “relaxar já”.

“Há grande adesão às medidas preventivas. Estou convencido de que em agosto haverá alguma normalidade”, adianta.

No entanto, o especialista alerta que ainda há muitas dúvidas. “Têm surgido infetados, sobretudo idosos, depois de vacinados. E isto tem de ser estudado. Se mesmo vacinados são infetados, será que podem transmitir? Se assim for, a máscara tem de continuar”, adverte.

Mais novidades sobre a Pfizer

A vacina da Pfizer gera o triplo das respostas de anticorpos em pessoas com mais de 80 anos quando a segunda dose é dada 12 semanas após a primeira, indica um estudo britânico

Depois de o Reino Unido ter alargado o intervalo entre as doses da vacina contra a covid-19, a Pfizer e a BioNTech alertaram, na altura, que ainda não existiam dados suficientes para sustentar esse atraso. No entanto, as farmacêuticas acrescentaram que poderiam ter em conta resultados obtidos fora dos seus ensaios clínicos.

Agora, um grupo de investigadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, em conjunto com peritos da Public Health England, compararam diretamente as respostas imunitárias da vacina da Pfizer após um intervalo de três semanas (testado nos ensaios clínicos) e o intervalo alargado de 12 semanas (que as autoridades britânicas recomendam).

“O nosso estudo demonstra que as respostas de anticorpos são acentuadamente melhores nas pessoas mais velhas quando a segunda dose da vacina da Pfizer é dada após 12 semanas”, afirma uma das autoras do estudo, Helen Parry, citada pela Reuters.

O estudo, que ainda não foi revisto por pares, analisou 175 pessoas com idades entre os 80 e os 99 anos. Descobriu que estender o intervalo da segunda dose para 12 semanas aumenta 3,5 vezes o pico de resposta dos anticorpos, em comparação com aqueles que receberam a segunda dose após três semanas.

Os investigadores apontam ainda que os resultados podem ser “importantes” no desenvolvimento de uma estratégia global de vacinação, uma vez que prolongar o intervalo da segunda dose nos idosos pode “potencialmente” reduzir a necessidade de vacinas de reforço no futuro.

ZAP // Lusa

 

1 Comment

  1. Parece que o plano de vacinação caiu nos excessos. Muda a cada dia, e cada alteração é sempre mais confusa do que a precedente.

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