Quem mais sofreu com a covid-19 ficou menos inteligente

As capacidades cognitivas das pessoas que foram hospitalizadas com covid-19 durante a primeira vaga da pandemia continuam a ser mais baixas do que o esperado. Algumas até estão a ser obrigadas a mudar de emprego.

Um estudo publicado esta quarta-feira, na Lancet Psychiatry, revelou que as pessoas que tiveram covid-19 grave estão a apresentar um declínio cognitivo.

Algumas pessoas estão mesmo a ser forçadas a mudar de emprego.

“O que descobrimos é que o défice cognitivo médio era equivalente a 10 pontos de QI, com base no que seria esperado para a sua idade”, disse o líder da investigação, Maxime Taquet, da Universidade de Oxford, citado pela New Scientist.

Este estudo incidiu em 475 britânicos que foram hospitalizados com covid-19 e tiveram alta antes de 31 de março de 2021.

Todos os participantes realizaram avaliações psiquiátricas e cognitivas seis meses após a alta e repetiram-nas dois a três anos depois.

Em média, os sintomas de depressão, ansiedade e fadiga pioraram. “Houve mais pessoas a piorar do que a melhorar”, lamentou Maxime Taquet.

Como detalha a New Scientist, em geral, 47% das pessoas apresentavam depressão moderada a grave na segunda avaliação, em comparação com 34% aos seis meses, enquanto 40% apresentavam fadiga moderada a grave, em comparação com 26% nos primeiros testes. A percentagem de pessoas com ansiedade moderada a grave registou uma alteração menor, passando de 23% para 27%.

E a inteligência também sofreu

Já os resultados das avaliações cognitivas mantiveram-se inalterados, com um défice cognitivo médio equivalente a 10 pontos de QI, tanto nos testes iniciais como nos de acompanhamento.

Apesar de os participantes não terem sido testados antes da hospitalização, a equipa comparou os resultados com o esperado para pessoas da mesma idade, sexo e nível de educação, baseando-se no Great British Intelligence Test.

A razão para o agravamento dos sintomas ainda não é clara, mas constatou-se que as pessoas com sintomas mais graves nos testes psiquiátricos iniciais tinham maior probabilidade piorarem ao longo do tempo.

Mais de 25% mudaram de profissão

De acordo com o estudo, mais de um quarto dos participantes mudou de profissão desde a hospitalização, metade devido a problemas de saúde.

Se, de um lado, o estudo encontrou uma forte associação entre a mudança de profissão e o declínio cognitivo; o mesmo não se verificou com a depressão, ansiedade e fadiga.

Estes resultados sugerem que muitas pessoas fizeram essa mudança porque já não conseguiam lidar com as exigências cognitivas sua função anterior – e não por falta de energia ou interesse, explicou o líder da investigação.

ZAP //

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