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Quebrar o Silêncio: o abuso sexual no masculino

“Quebrar o Silêncio” é uma associação que presta apoio a homens vítimas/sobreviventes de abuso sexual. Foi fundada por Ângelo Fernandes, um homem que, aos onze anos, foi vítima de abuso sexual e hoje se dedica a ajudar outros homens que tenham passado por situações de abuso sexual.

Ângelo Fernandes foi abusado sexualmente aos 11 anos por um amigo da família, durante vários meses. Durante mais de 20 anos carregou em silêncio “esse peso, vergonha, culpa e nojo. Tudo sentimentos que não eram meus, mas que os carreguei comigo sem compreender porquê”, conta no site.

Agora, a missão de Ângelo, e de todos os outros que integram a associação, é libertar todos os outros homens desse mesmo “peso, vergonha, culpa e nojo”.

Por isso, há seis meses que nasceu a “Quebrar o Silêncio”, não só com o objetivo de apoiar todas as vítimas/sobreviventes de abuso sexual, mas também de promover os direitos humanos e igualdade de género – porque a igualdade de género, assim como os abusos sexuais, não é um tema exclusivamente feminino.

A propósito do meio ano de vida da associação, Ângelo deu uma entrevista à TSF, onde conta que a instituição recebeu um total de 50 pedidos de apoio. Apenas em seis meses.

A grande maioria dos casos reporta à infância da vítima/sobrevivente e são, muitas vezes, assuntos que passaram muito – demasiado – tempo em silêncio.

“Grande parte dos casos que chegam até nós remete para a infância, questões de abuso sexual, que aconteceram há 20, 30, 40 anos. O que vai de encontro às estatísticas: em média, um homem partilha o abuso sexual 22 anos depois de ter acontecido”, contou.

Ângelo Fernandes considera que ainda há muito a fazer para que a sociedade seja mais sensível aos casos de abusos sexuais a homens. O fundador da associação Quebrar o Silêncio defende que é preciso mudar a mentalidade.

Há muita desvalorização destes casos. Nós recebemos relatos dos homens que nos contactam de que até mesmo serviços de apoio, como médicos ou psicólogos, que desvalorizam e às vezes até com alguma troça. Não se considera sequer que uma mulher possa abusar sexualmente de um rapaz. Estes valores tradicionais da masculinidade, de que um homem está sempre pronto e disposto a ter relações sexuais e que se uma mulher abusar sexualmente de um homem, esse homem é sortudo, esses valores tradicionais ainda estão muito presentes na nossa sociedade”, conclui.

A associação sem fins lucrativos Quebrar o Silêncio disponibiliza ajuda através do número de telefone 910 846 589 ou do email [email protected].

ZAP //

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