Presidente russo é recebido esta terça-feira. Moscovo e Pyongyang vão assinar “documentos importantes e muito significativos” e criar uma nova rede “de comércio e pagamentos não controlada pelo Ocidente”.
A convite do líder norte-coreano Kim Jong-un, o presidente russo Vladimir Putin chega esta terça-feira à Coreia do Norte na sua primeira visita ao país em 24 anos, estando previsto que o programa oficial decorra na quarta-feira.
A capital Pyongyang está esta terça-feira enfeitada com bandeiras russas, retratos de Putin e uma faixa de boas-vindas ao longo da autoestrada, acompanhadas de propaganda norte-coreana, mostram imagens partilhadas pela agência noticiosa estatal russa RIA Novosti
“A amizade entre a Coreia do Norte e a Rússia é eterna“, lê-se num cartaz no exterior do Aeroporto Internacional Sunan de Pyongyang, notou a BBC: “Damos as boas-vindas ao camarada presidente russo Vladimir Vladimirovich Putin”, lê-se noutro.
Putin chega na noite desta terça-feira à capital norte-coreana, mas é quarta-feira o dia chave da visita oficial. Espera-se uma cerimónia oficial de boas-vindas entre as delegações de ambas as partes, onde Putin receberá uma guarda de honra, e só depois entram as conversações em cena, numa visita que durará dois dias.
Decisão sobre parceria “nas próximas horas”
Pyongyang e Moscovo vão assinar “documentos importantes e muito significativos” durante a deslocação, bem como uma ” possível conclusão de um acordo de parceria estratégica global”, informou o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov.
“Este tratado, se for assinado, será obviamente condicionado pelas profundas mudanças na situação geopolítica no mundo e na região, e pelas mudanças qualitativas que ocorreram recentemente nas nossas relações bilaterais”, referiu a mesma fonte, citando as agências noticiosas russas.
“As partes ainda estão a trabalhar no acordo e a decisão final sobre a sua assinatura será tomada nas próximas horas”, acrescentou Ushakov, que informou ainda que Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, farão “declarações à imprensa”.
Rede comercial anti-ocidental
Putin disse que Moscovo e Pyongyang vão desenvolver uma rede “de comércio e pagamentos não controlada pelo Ocidente”, de acordo com um editorial publicado esta segunda-feira pelo diário norte-coreano Rodong.
Depois de agradecer a Pyongyang “por ter apoiado firmemente a operação militar especial da Rússia” na Ucrânia, o líder russo notou que o regime de Kim Jong-un é um aliado na tentativa russa de estabelecer uma ordem multipolar que os Estados Unidos “veem como uma ameaça à sua hegemonia global”.
Putin garantiu que os “países que não aceitam esta posição e aplicam políticas independentes enfrentam pressões externas cada vez mais duras“.
Moscovo e Pyongyang, através da criação desta rede de pagamentos independente que procura contornar os mecanismos de sanções, procuram “tornar as relações internacionais mais democráticas e flexíveis”, acrescentou Putin.
Putin e Kim encontraram-se há nove meses
Apesar de ser uma rara visita, Kim Jong-un encontrou-se há nove meses com Putin no Extremo Oriente russo com registo de elogios mútuos, mas não de acordos oficiais.
Os dois países, que estão sujeitos a pesadas sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os laços desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Segundo o Ocidente, Pyongyang utilizou as suas vastas reservas de munições para abastecer a Rússia em grande escala e, na semana passada, o Pentágono acusou Moscovo de utilizar mísseis balísticos norte-coreanos na Ucrânia.
“A Rússia recebe muitas armas baratas, incluindo mísseis balísticos” da Coreia do Norte, sublinha o especialista em Coreia do Norte do Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury, Jeffrey Lewis, à BBC.
Em troca, segundo Washington e Seul, a Rússia forneceu à Coreia do Norte conhecimentos especializados para o seu programa de satélites e enviou ajuda para fazer face à escassez de alimentos no país.
Nesta deslocação, Putin será acompanhado pelo seu chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, e pelo seu ministro da Defesa, Andrei Belooussov, numa delegação que incluirá também dois vice-primeiros-ministros e o diretor da agência espacial russa Roscosmos.
A Ucrânia, o fornecimento de armas e o fortalecimento de laços deverão ser os principais tópicos em cima da mesa, mas alguns analistas acreditam que o envio de mais trabalhadores norte-coreanos para a Rússia também deverá ser discutido.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, considerou que a visita do dirigente russo à Coreia do Norte demonstra a dependência de Moscovo de regimes autoritários.
“Os seus amigos mais próximos e maiores apoiantes do esforço de guerra russo são a Coreia do Norte, o Irão e a China”, disse o chefe da NATO, na segunda-feira, durante uma visita a Washington.
Depois de Pyongyang, Putin é esperado no Vietname.
ZAP // Lusa
Felizmente a «…”Amizade eterna…» não é contra a Europa.
Ou será ao contrário? Os EUA e seus vassalos europeus unidos contra tudo o que não alinha com a sua agenda perversa.
Sr. Miguel , se o seu ponto de vista é mesmo esse , Deus queira que nenhum destes dois Psicopatas lhe venham un Dia entrar casa dentro !