Putin: “Para nós, a Ucrânia é uma questão de vida ou morte”

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EPA/Ramil Sitdikov / Sputnik / Kremlin

Vladimir Putin visita empresa produtora de tanques

Presidente da Rússia estabelece distâncias na importância da guerra. Podolyak fala em “risco fatal” na Europa.

O Presidente russo garantiu que “o que está a acontecer” na Ucrânia é uma “questão de vida ou morte” para a Rússia, enquanto para o Ocidente é apenas para “melhorar a posição tática”.

Para o Ocidente, é uma melhoria na sua posição tática. Mas para nós, é o nosso destino, é uma questão de vida ou morte”, afirmou Vladimir Putin num excerto de uma entrevista ao jornalista Pavel Zaroubine publicado nas redes sociais.

O Presidente russo considerou importante que tanto os russos como os estrangeiros compreendessem o “quão sensível e importante” é para o país o “que está a acontecer na Ucrânia”.

Putin falou também da sua recente entrevista com o apresentador americano Tucker Carlson, popular entre os conservadores.

Naquela entrevista, a primeira concedida por Vladimir Putin a um meio de comunicação ocidental desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Putin falou durante mais de duas horas aos americanos e europeus e assegurou que uma derrota da Rússia na Ucrânia é “impossível”, ao mesmo tempo que afirmou estar pronto para dialogar com o Ocidente.

Europa em “risco fatal”

O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak alertou que a Rússia se tornou numa ameaça global e que, caso vença na Ucrânia, “a Europa ficará em zona de risco fatal”, destacando que as lideranças europeias já ganharam essa consciência.

Em entrevista à agência Lusa quando se cumprem quase dois anos desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o assessor do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que “a Rússia destruiu completamente o direito internacional e hoje não existem instituições que possam forçá-la a seguir certas regras de compromisso”.

Mykhailo Podolyak considerou que na Europa como um todo e, não apenas em países individuais, “e ao nível dos partidos políticos, ao nível das elites políticas, existe um entendimento muito claro de que a Federação Russa não irá voltar à lei”.

“Penso que há hoje um pleno entendimento de que a Rússia é a origem da escalada de conflitos que aumentaram significativamente os problemas mundiais, que garantem que o mundo não viverá como vivia antes da invasão em grande escala da Ucrânia”, advertiu.

A Rússia, observou, “acredita que tem o direito de dominar a Europa, o direito de impor as suas próprias regras”, e hoje os aliados europeus de Kiev “compreendem isso muito claramente”,no sentido de que Moscovo não se comporta como um parceiro, mas, pelo contrário, “provocará constantemente a Europa em diferentes direções e de várias maneiras”.

“Há um pleno entendimento de que a Europa será transformada se a Rússia não perder [na Ucrânia], e ficará numa zona de risco fatal, o que significa que a Rússia poderá, por exemplo, atacar o norte da Europa para dominar o Mar Báltico”, avisou, bem como “provocar uma série de países com vista a desmembrar a União Europeia como um todo”.

“A Rússia está hoje a “financiar mais partidos de extrema-direita e de extrema-esquerda para criar o caos“, afirmou, insistindo na ideia de que “já existe um entendimento claro na Europa de que a Federação Russa é um país expansionista”, que não procura parcerias económicas ou financeiras, mas “um país que quer dominar através da violência”.

Podolyak aconselha o Ocidente a “parar de pensar que a transferência de armas para a Ucrânia é uma espécie de escalada”, sendo pelo inverso “uma ‘desescalada’, porque a guerra terminará com a derrota da Federação Russa.

A morte do opositor russo Alexei Navalny, na sexta-feira numa prisão russa, que levantou um clamor de protestos no mundo ocidental, deixa claro, segundo o conselheiro de Zelensky, que a Rússia “perdeu o disfarce e se afirma como o estado mais repressivo possível”.

É por isso que Mykhailo Podolyak considera que a morte do opositor russo, que classifica como “assassínio político”, não provocará por si alterações no regime do país e que só uma derrota militar da Rússia poderá derrubar Putin.

Do mesmo modo, indica à Ucrânia e ao Ocidente que “não se pode negociar com a Federação Russa, porque ela não cumprirá quaisquer acordos”, nem que sejam numa perspetiva temporária, e que, se for bem-sucedida na guerra atual, “continuará a aumentar a sua expansão, e a lutar em vários conflitos”.

Mykhailo Podolyak justificou ainda a substituição do popular ex-comandante das Forças Armadas Valery Zaluzhny com a necessidade de ultrapassar a estagnação na frente de combate nos últimos meses e encontrar respostas claras para retomar a iniciativa.

É uma prerrogativa constitucional do Presidente ucraniano e que Zelensky “pretende alcançar certos resultados, que, infelizmente, não foram obtidos em dois anos”, desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

O assessor do Presidente ucraniano referiu que a remodelação assumiu uma proporção vertical ao nível dos comandos de estado-maior e chefes das direções operacionais e táticas, “e todos eles são generais combatentes, ou seja, pessoas que estão no campo de batalha há dois anos, que entendem como a Rússia luta e que precisam ser feitas mudanças para não se cair na estagnação, como, infelizmente, aconteceu a partir do outono de 2023, na parte da guerra terrestre”.

Quando sondagens indicam que Valery Zahuzhny conserva uma popularidade bastante acima do próprio Presidente ucraniano, o assessor da Presidência comenta que o ex-comandante das Forças Armas angariou uma “certa reputação” ao fim de quase dois anos de conflito, embora ressalvando que é difícil fazer esse tipo avaliações em tempo de uma guerra que ainda não foi vencida e que “não faz sentido falar sobre quem, o quê e como de uma forma tão incondicionalmente emocional”.

“Ao mesmo tempo, a sociedade entende que o comandante-em-chefe supremo [Zelensky] pode tomar a decisão apropriada, e que ele não substituiu apenas alguém por outro, mas renovou toda a verticalidade da gestão militar com generais experientes”, observou.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. A Ucrânia é uma questão de vida ou morte para a Rússia? Ou para Putin? E a Rússia não será uma questão de vida ou morte para a Ucrânia?

  2. O que aqui se descreve é tudo com muita superficialidade! O que realmente se passa a nível de geopolítica e no terreno é bem diferente. Como tenho dito …mais de Futebol, Fado, Fatima e Tik Tok para entreter “massas”! Pesquisem e leiam outras fontes. Oevento por exemplo. Sejam e façam alguém feliz!

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