Putin pressionado, política russa em “estado de choque”

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Anatoly Maltsev/EPA

Vladimir Putin no Fórum Económico Internacional

Ucranianos têm recuperado o controlo de muitos locais. Deputados russos querem que Putin deixe o cargo de presidente da Rússia.

Deixar a ideia que se ia atacar por um lado, mas atacar pelo outro. A Ucrânia tem recuperado o controlo de muitos locais que eram dominados pela Rússia, nos últimos dias.

Uma cidade-chave na estratégia de “engano”, por parte dos ucranianos, era Kharkiv, que entretanto passou a ser dominada pelas forças da Ucrânia. Em três dias, um terço da região foi recuperado.

Entretanto a Rússia tenta atacar novamente, para conseguir o controlo da cidade, e nesta manhã feriu 12 pessoas, entre as quais duas crianças.

Mas esta derrota rápida e inesperada em Kharkiv deixou responsáveis políticos da Rússia surpreendidos, chocados.

“O sistema político russo está em estado de choque – e não estou a exagerar”, assegurou ao jornal Público um politólogo e antigo redactor de discursos para Vladimir Putin, Abbas Galliamov.

A pressão sobre o Kremlin, mais concretamente sobre o presidente Putin, tem aumentado nos últimos tempos.

De Moscovo e São Petersburgo apareceram dois grupos de deputados municipais, que pediram publicamente a demissão de Vladimir Putin como presidente da Rússia.

Putin causou “prejuízo à segurança da Rússia e dos seus cidadãos”, alegaram os deputados, que acrescentaram: “Os estudos mostram que os habitantes dos países em que o poder muda regularmente vivem em média melhor e mais tempo do que aqueles em que os dirigentes não abandonam os cargos”.

Pedimos-lhe que se retire do cargo, porque as suas opiniões, o seu modelo de gestão são desesperadamente ultrapassados e impedem o desenvolvimento da Rússia e do seu potencial humano”, apela um dos documentos.

Haverá consequências para estes deputados – serão presos, provavelmente – mas este é mais um indicador de que, mesmo dentro do sistema político russo, há quem esteja descontente e “furioso” com o rumo da guerra na Ucrânia.

O ministério da Defesa britânico escreveu nesta sexta-feira que o Grupo Wagner, que está ligado ao Kremlin, está a tentar recrutar soldados nas prisões russas, para trazer os reclusos para o combate, em troca de liberdade e pagamentos em dinheiro.

Vala comum em Izium

Volodymyr Zelenskyy disse que foi descoberta uma vala comum em Izium, cidade que era controlado pelos russos mas que agora passou a estar sob domínio ucraniano.

“Bucha, Mariupol e agora, infelizmente, Izium… A Rússia deixa morte em todo o lado“, lamentou o presidente da Ucrânia, na sua mensagem habitual.

Estima-se que cerca de 450 corpos tenham sido encontrados nessa vala comum, segundo responsáveis de Kharkiv. Todos enterrados num lugar.

Recorde-se que Zelenskyy esteve envolvido num acidente de viação, que está a ser investigado. Um carro colidiu com a viatura em que seguia, no regresso à capital Kiev.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

    • Na Rússia há um qualquer problema nas varandas e janelas dos pisos mais altos dos prédios que eles deveriam rever.

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