Presidente da Rússia falou sobre a Europa, ameaçou a nível nuclear mas deixou fora do discurso o tema mais “quente” da semana.
Vladimir Putin parou diversos pontos do país. Houve ruas cortadas, salas de cinema preenchidas; tudo para ver e ouvir o presidente da Rússia.
Putin falou nesta quinta-feira na Assembleia Federal. Era vista como a mensagem mais aguardada do ano, sobre o Estado da Nação, e desta vez com o “extra” de apresentar o seu programa eleitoral para as eleições presidenciais deste mês.
O presidente russo disse que a Rússia está a avançar “com confiança” em várias frentes na Ucrânia.
E, sem surpresas, virou-se depois para o Ocidente, que tem as suas “tendências coloniais”.
O Ocidente tem estado “decidido a destruir” a Rússia e os EUA estão “absolutamente determinados” em dividir o país, por isso avisa: “Nós também temos armas capazes de atingir alvos no vosso território”.
Voltaram as ameaças nucleares: “Isto pode levar ao uso de armas nucleares. Eles não percebem isso?”
No entanto, assegurou, quando se fala sobre a possibilidade de a Rússia querer atacar outros países europeus, só dizem “disparates”.
O cenário só vai mudar se a NATO enviar militares para a Ucrânia.
E a Transnístria?
No dia anterior a este discurso, o congresso da Transnístria pediu protecção à Rússia, para defender a região separatista devido à “crescente pressão” da Moldávia.
Foi um pedido semelhante ao que fizeram Donetsk e Lugansk em 2022, poucos dias antes da invasão da Ucrânia.
Portanto, esperava-se que Vladimir Putin abordasse o assunto e pudesse dar (outra) ordem que iria abalar a Europa: invadir a Moldávia.
Mas, para surpresa de muitos, o presidente da Rússia não disse uma única palavra sobre a Transnístria.
A geografia é um dos motivos para essa ausência. A Moldávia não tem fronteira com a Rússia; há (muitos) quilómetros de Ucrânia entre Moldávia e Rússia.
“É natural que Putin, para não abrir outra frente, não fale sobre essa petição do congresso da Transnístria”, abordou Filipe Vasconcelos Romão, na RTP.
Mas há outros motivos, mais ligados ao sector militar: “Tem a ver com as forças que a Rússia já tem na Moldávia (1.500 soldados), que não seriam talvez suficientes para garantir, com segurança e sucesso, essa abertura de uma nova frente”.
Guerra na Ucrânia
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