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Hugo Soares anunciou que o único candidato possível é Luís Montenegro, apesar do caso da empresa. E ainda o regresso a 1987 e ao PRD.
Ainda não é oficial, mas muito provavelmente teremos novamente eleições legislativas antecipadas. O primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que deve ser chumbada: PS e Chega já anunciaram que vão votar contra.
Na véspera do debate da moção de censura do PCP – que foi rejeitada mas acabou por ficar para segundo plano – Hugo Soares assegurou que o único candidato possível do PSD (ou AD), no caso de eleições ainda neste ano, será na mesma Luís Montenegro.
Mesmo com as suspeitas à volta da empresa familiar, mesmo com as múltiplas críticas e com as diversas opiniões que apontam que o primeiro-ministro é o maior responsável por esta crise política.
Obviamente, e com o seu nome a “tremer” nesta fase, já começaram a surgir outros nomes possíveis para candidato a primeiro-ministro: Pedro Passos Coelho, Carlos Moedas, Leonor Beleza.
Mas o PSD rejeita todos esses nomes, garante o Observador.
Aliás, a direcção do partido tem uma ideia bem clara: não há espaço para qualquer tentativa de golpe contra Montenegro. “Quem tentar abrir uma guerra interna, morre. Distritais e concelhias estão alinhadas e estamos com mais de 90% dos candidatos às Câmaras escolhidos. Há sempre lealdade”, comentou fonte da direcção do PSD.
É uma reacção aos rumores recentes sobre alegadas conversas de bastidores para tentar tirar Luís Montenegro do Governo e da liderança do PSD.
Como se esperava, com Passos Coelho no topo da lista – ou do “perigo”.
Hugo Soares voltou a ser questionado sobre o assunto nesta quarta-feira, depois do debate da moção de censura: “Quem é que fala em Pedro Passos Coelho? É que eu não conheço ninguém que fale”, comentou o líder parlamentar do PSD, visivelmente irritado.
Mesmo que houvesse alternativa, o calendário aperta: as eleições antecipadas, se se confirmarem, serão já em Maio.
Um dirigente do PSD lamenta: “Infelizmente, sim, Montenegro vai continuar. Acho que isto é péssimo para o PSD. Precisávamos de um ciclo de poder enquanto partido, para provar o nosso ímpeto reformista”.
Mas, no geral, fica a ideia de um partido unido à volta do seu presidente.
Pedro Nuno e… PRD
Com Montenegro novamente candidato, o Governo avança com duas prioridades: deixar Pedro Nuno Santos (PS) em maus lençóis e acabar com o assunto da Spinumviva.
Segundo o mesmo jornal, a crença do PSD é de que a AD ganha outra vez as eleições, o PS perde outra vez e que, nesse cenário, Pedro Nuno Santos será afastado da liderança dos socialistas.
Mais do que isso, acreditam os sociais-democratas, o sucessor de Pedro Nuno (Fernando Medina, José Luís Carneiro, Ana Catarina Mendes, Francisco Assis…) vai permitir ao novo Governo uma maior estabilidade, tranquilidade.
Além disso, o PSD pretende fazer esquecer o caso da empresa familiar. A ideia é, depois as eleições, e ganhando novamente, Luís Montenegro não volta a falar sobre a Spinumviva – aliás, algo que fez ao longo de semanas.
Há outra crença: um partido que derruba o Governo é castigado nas eleições seguintes. E, aqui, o PSD acredita que o PS (e o Chega) vão perder muitos votos se realmente votarem contra a moção de confiança. É a tal “irresponsabilidade”, repetida por exemplo por Marques Mendes.
É um caso que faz lembrar 1987, quando o Partido Renovador Democrático (PRD) apresentou uma moção de censura contra o Governo PPD/PSD liderado por Cavaco Silva; moção aprovada, o Governo caiu.
Mas há uma pequena grande diferença: na altura, foi uma moção de censura a derrubar o Governo e foi apresentada por um partido (PRD) que até apoiava no Parlamento o PSD de Cavaco. Agora, o cenário é bem diferente.
Pois, será o erro de Montenegro e Hugo Soares.