Francisco Assis já tinha falado sobre uma campanha organizada contra a candidatura presidencial do ex-líder. Falta liderança.
Um dos vários nomes que é um possível, mas não confirmado, candidato à presidência da República é António José Seguro.
O antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS) estava “desaparecido” há praticamente 10 anos e agora voltou a aparecer. Tem um espaço de comentário na televisão e admitiu que está a ponderar avançar para uma candidatura a Belém.
O PS é que não está disponível para alinhar. Pelo menos, parte do PS.
Longe de ser uma figura consensual entre os socialistas (há vários anos), Seguro ouviu crítica directa de Augusto Santos Silva, na sexta-feira passada: “António José Seguro não cumpre os requisitos mínimos de uma candidatura que possa ser apoiada pelo PS e por um vasto campo de forças democráticas, porque fica-se pelas banalidades. E nós precisamos de mais”.
Dois dias depois, Francisco Assis reagiu a estas palavras do antigo presidente da Assembleia da República – sem o mencionar. O eurodeputado do PS pediu “elevação e contenção”, recriminou reacções como estas e atirou: “Parece estar em curso uma campanha devidamente organizada com um único intuito: impedir uma candidatura presidencial do António José Seguro”, algo que classifica como “inaceitável”.
Segundo Ana Sá Lopes, Seguro “criou ódio dentro do PS, há muita gente (dentro do partido) que não gosta” do ex-líder. E ter ficado “longe de José Sócrates e de António Costa ajudou a monstrificá-lo”, continuou a comentadora, no Público.
Bruno Vieira Amaral segue o mesmo discurso: “O PS está a lidar muito mal com a possível candidatura de António José Seguro. Uma parte importante do actual PS odeia António José Seguro, não suporta António José Seguro”, e isso é visível nas intervenções públicas.
O comentador acredita que Seguro deve apresentar uma candidatura presidencial mesmo sem o PS: “Mas o que é que isso lhe vale? Não será bom, certamente, nem para ele, nem para o partido”.
Na rádio Observador, Bruno centrou-se no partido e perguntou se, para o PS, haverá alguma solução “menos má“, deixando três possibilidades: “Apoiar Seguro, mesmo não suportando Seguro; apoiar outro candidato; ou não apoiar ninguém – são todas soluções negativas”, apontou.
O também comentador Paulo Ferreira acrescenta no mesmo programa que, em Portugal, “os partidos não sabem gerir” candidaturas individuais à presidência da República. No caso do PS, este processo revela “falta de liderança”, já que Pedro Nuno Santos “não estabeleceu uma estratégia desde o início”.
O jornal Público informa que António José Seguro não tem pressa. Se for mesmo candidato, não vai confirmar o avanço nos próximos tempos.