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Um Porto perdido, uma Lisboa para segurar e uma Coimbra dúbia. PS não tem medo do day after

Mário Cruz / Lusa

Perder em número de câmaras e perder câmaras emblemáticas são dois dos maiores medos dos partidos em relação às autárquicas. Vinte anos depois do tombo de Guterres, o PS encara as próximas eleições sem grande medo: o otimismo é geral.

Ao Observador, um dirigente socialista disse que não vê “o PS a perder nenhuma câmara importante, e mesmo que perca uma ou outra, não não me parece que o day after vá ser difícil, até porque o problema está do lado da oposição não em nós”.

A fonte adiantou que, entre abril e julho, os nomes estarão fechados, e que adiar as eleições não é uma opção: “quem quer ganhar tempo é o PSD.” A regra será reconduzir todos os atuais presidentes de câmara que não estejam em final do terceiro mandato (cerca de 20 autarcas), salvo uma ou outra exceção de autarcas que não queiram prosseguir, como é o caso de Tábua, por exemplo.

O Porto é, para o PS, um caso perdido. Foi uma das câmaras que Guterres viu fugir em 2001 e que Rui Rio agarrou. Seguiram-se 12 anos de PSD e oito anos de Rui Moreira – que parece estar a caminho dos 12. Com a vitória do independente quase certa, o PS começa já a olhar para 2025.

“A esta distância, a única certeza que temos é a de que Rui Moreira vai para o terceiro e último mandato e aí tem de haver mudança”, comentou uma fonte local socialista ao Observador. Apesar de se apresentar com um candidato próprio, o PS irá encarar estas eleições com “mínimos realistas”.

Para o pós-Moreira, o nome apontado é Manuel Pizarro. “Quando não há nomes vai-se sempre desaguar no Pizarro, mas não vejo que seja impossível ainda surgir um nome para fazer um trajeto de quatro anos em articulação com o Manuel Pizarro e ficar para o pós-Moreira”, avançou, porém, uma fonte socialista do distrito.

Oficialmente, escreve o Observador, o discurso é de que há “três ou quatro nomes” a ser estudados para a Invicta.

Em Lisboa, o objetivo é segurar Medina, que, se abanar muito, cai. Tudo dependerá do candidato que o PSD, em coligação com o CDS, vier a escolher (Batista Leite é a hipótese mais consensual), e do estado em que a governação socialista estará nessa altura.

Nas restantes autarquias do distrito, como Sintra ou Odivelas, a convicção é a de que se vão manter do lado socialista.

Em Setúbal, o combate é com o PCP. O nome de Ana Catarina Mendes, a líder parlamentar do PS, é atirado para cima da mesa em várias ocasiões, mas entre os dirigentes locais há quem aposte que não vai acontecer.

O Observador avança ainda que os comunistas deverão apostar na autarca de Setúbal, Maria das Dores Meira, em Almada – um dos bastiões que o PCP perdeu há quatro anos – para dar luta à socialista Inês de Medeiros.

Coimbra é a câmara que mais treme. “Havendo algum desgaste do PS em Coimbra, se houver uma coligação na oposição, o PS pode ter dificuldades em manter o poder autárquico”, disse uma fonte socialista ao matutino.

Manuel Machado, a governar sem maioria absoluta desde 2013, vai recandidatar-se uma terceira vez. No entanto, o diário lembra que, em 2017, houve uma divisão no PSD que fez com que aquele eleitorado se dividisse por duas candidaturas, a oficial e a do movimento independente ‘Somos Coimbra’, que já assinaram um esboço de acordo para uma coligação.

Na Figueira da Foz, a ameaça seria Santana Lopes, mas ao que tudo indica será Pedro Machado a candidatar-se. Neste caso, o atual autarca socialista, Carlos Monteiro, não terá dificuldades, acredita o PS.

No norte, Viana do Castelo é encarado como “dos poucos distritos onde há uma margem considerável de crescimento”; enquanto que Ponte da Barca e Valença são duas autarquias atualmente do PSD que, devido a divergências internas, o PS sonha conquistar.

Liliana Malainho, ZAP //

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