Sobre as críticas de Angela Merkel subscritas por Rui Rio, Ana Catarina Mendes lembra que, “em maio, o PSD criticava o Governo por não ter ainda anunciado a abertura aos voos do Reino Unido”.
A líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, acusou esta terça-feira o presidente do PSD de “incoerência”, após Rui Rio ter criticado o Governo e considerado “justas” as palavras da chanceler alemã, Angela Merkel, sobre o aumento de casos de covid-19 em Portugal.
“Não há, de facto, limites para a incoerência quando agora se reclama contra uma medida que antes se reivindicava. Em maio, o PSD criticava o Governo por não ter ainda anunciado a abertura aos voos do Reino Unido, que vaticinava de trágico para o turismo nacional”, lê-se na publicação de Ana Catarina Mendes no Facebook.
Na mesma publicação, a líder parlamentar do PS cita as palavras de Rio, que acusou esta terça-feira o Governo de estar a fazer Portugal passar “por uma vergonha desnecessária”, considerando que depois da “vexatória desconsideração” do Reino Unido, os portugueses têm que “ouvir a justa indignação da chanceler alemã“.
A publicação do líder social-democrata, no Twitter, surge depois de Angela Merkel ter criticado esta terça-feira a falta de regras comuns na União Europeia relativamente às viagens, dando como exemplo a situação de aumento dos contágios em Portugal, que a seu ver “poderia ter sido evitada”.
“Não bastava termos sido tratados com uma vexatória desconsideração pelo Reino Unido, a quem prestamos futebolística vassalagem, e ainda temos de ouvir a justa indignação da chanceler alemã”, afirmou. Na perspetiva de Rui Rio, o Governo do PS liderado por António Costa está a fazer Portugal passar “por uma vergonha desnecessária”.
Esta terça-feira, em Berlim, em declarações à imprensa, feitas em conjunto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a propósito da aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência da Alemanha, a chanceler alemã disse que lamentava que não se tenha sido capaz “de alcançar um comportamento uniforme entre os Estados-membros em termos de restrições de viagem”, o que considerou ser “um retrocesso”.
“Temos agora uma situação em Portugal, que talvez pudesse ter sido evitada”, exemplificou.
“E é por isso que temos de trabalhar ainda mais” na área da coordenação, vincou Angela Merkel, aludindo nomeadamente à permissão dada por Portugal, que preside atualmente ao Conselho da UE, da entrada de turistas – como os britânicos.
Por seu lado, outros países como Alemanha e França impuseram restrições às viagens do Reino Unido devido à rápida propagação da variante Delta (detetada na Índia) do SARS-CoV-2. “Fizemos progressos bastante bons nos últimos meses [no que toca à pandemia], mas ainda não estamos onde eu gostaria que a UE estivesse”, adiantou Merkel.
Estas declarações foram feitas dias antes de os líderes europeus se reunirem numa cimeira europeia em Bruxelas e numa altura em que Portugal regista números diários de infeções que apenas comparam com os níveis de fevereiro.
// Lusa