Os especialistas consideram que a covid-19 surgiu naturalmente em vez de ser criada em laboratório. Porém, de acordo com Vivek Wadhwa, da Universidade de Harvard, isso não significa que a próxima pandemia não envolverá um vírus mortal projetado por um adversário.
De acordo com um artigo publicado no Foreign Policy, Vivek Wadhwa, da Universidade de Harvard, acredita que a próxima pandemia pode ser criada por terroristas.
“Agora é tarde demais para impedir a disseminação global destes tecnologias – o génio está fora da garrafa”, escreveu Wadhwa. “Devemos tratar a pandemia de coronavírus como um ensaio geral do que está por vir – infelizmente, isso inclui não só os vírus que irrompem da natureza, mas também aqueles que serão deliberadamente desenvolvidos por humanos.”
Isto deve-se principalmente a uma revolução tecnológica na engenharia genética, segundo Wadhwa, que acredita que dará aos biohackers as ferramentas de que precisam para criar patógenos mortais. E não só dentro de um caro laboratório corporativo – mas de uma instalação simples e barata.
Os avanços no sequenciamento genético e edição de genes permitiram-nos criar e editar genes individuais, reorganizando-os à vontade, dando-nos o controlo sobre um processo que a natureza demorou milhares de anos a tratar.
Investigadores chineses até começaram a editar o genoma de embriões humanos, em alguns casos para torná-los resistentes à infeção pelo VIH. Apesar da reação internacional, o cientista chinês He Jiankui começou experiências com “bebés CRISPR”, cujos genomas foram editados antes do nascimento.
A tecnologia por trás da edição de genes tornou-se extremamente barata e relativamente simples. O ADN por correspondência permitiu até que os investigadores revivessem um parente extinto do vírus da varíola, como aponta Wadhwa.
Em maio de 2018, o Centro Johns Hopkins para Segurança Sanitária (CHS) testou um cenário fictício em que ex-políticos dos Estados Unidos foram solicitados a responder a tal situação, de acordo com a Vox. Os resultados não foram bons: 150 milhões de mortos mais de um ano depois.
“Se se está a tentar deliberadamente criar um patógeno mortal, que se espalha facilmente e que não temos medidas de saúde pública adequadas para mitigar, essa coisa que se cria está entre as coisas mais perigosas do planeta” disse Piers Millett , especialista em política científica e segurança internacional, ao Instituto Future of Life numa entrevista de 2018.
Estas novas investigações poderiam realmente levar a uma pandemia planeada por terroristas? Provavelmente ainda não, mas a tecnologia está sempre a melhorar e o potencial de danos é enorme.