Estudo mostra que há uma proteína no pulmão que funciona como uma barreira natural à COVID-19. Novos medicamentos podem surgir.
Recuperemos uma aula sobre a pandemia mais famosa do século: a COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, entra no corpo humano através da sua proteína spike, que se liga a um receptor específico nas nossas células.
O SARS-CoV-2 usa como receptor de entrada na célula a enzima conversora de angiotensina tipo 2 (ECA-2), uma molécula expressa em abundância na superfície das células do endotélio, dos rins, dos pulmões e de outros órgãos. É a porta de entrada para as células humanas.
É nas células pulmonares que há altos níveis de receptores ECA-2. Aliás, é por isso que esta doença afecta principalmente os pulmões.
Mas e se houvesse uma proteína, nos pulmões, que funcionasse como uma barreira natural à COVID-19?
Foi precisamente essa a conclusão principal de um estudo, publicado na revista científica PLOS Biology.
Os cientistas da Universidade de Sydney, Austrália, identificaram a LRRC15 – proteína 15 que tem repetições ricas em leucina, nos pulmões. E esse é o bloqueio ao vírus.
O coronavírus também se pode ligar ao receptor LRRC15; mas, ao contrário do ECA-2, a LRRC15 não ajuda a infecção. Adere, conecta-se ao vírus, mas para imobilizá-lo. E assim protege as outras células, explica o portal Tech Explorist.
A LRRC15 não está só nos pulmões. Encontra-se também na pele e na língia, por exemplo.
Mas é nos pulmões que controla as respostas antivirais e a fibrose e pode vincular a infecção por COVID-19 à fibrose pulmonar durante a COVID longa.
Ao bloquear a COVID-19, o receptor activa simultaneamente a resposta antivírus do corpo e suprime a resposta de fibrose do corpo.
Com este estudo, espera-se que sejam desenvolvidos novos medicamentos, quer contra a COVID, quer contra a fibrose pulmonar.
É um receptor imunológico natural que dá esperança. É uma resposta natural do nosso corpo para combater a infecção.
A LRRC15 deverá desenvolver duas estratégias contra o COVID-19: uma centrada no nariz (tratamento preventivo) e outra centrada nos pulmões (casos graves.)
Por outro lado, cientistas do Imperial College London descobriram que a ausência de LRRC15 no sangue está associada a casos de COVID mais graves.
Mais proteína LRRC15 é sinónimo de casos mais ligeiros.