A Autoridade Nacional de Proteção Civil recusa as falhas apontadas pelo relatório da Comissão Técnica Independente criada pelo Parlamento para avaliar o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) elaborou um documento de 23 páginas, a que a TSF teve acesso, no qual contesta quase 30 pontos das conclusões da Comissão Independente sobre o incêndio de Pedrógão Grande.
Em jeito de conclusão, a ANPC sublinha que “as falhas apontadas, na prática, ou não existiram ou se traduzem em situações decorrentes da complexidade” do fogo, no documento datado de 16 de outubro, dias antes da demissão da ministra e, logo a seguir, do presidente desta Autoridade.
No mesmo documento, a Proteção Civil acusa a Comissão Técnica Independente (CTI) de não ter “chamado a prestar depoimento, tão-somente, o Comandante Operacional Nacional”, que entretanto se demitiu, bem como outros “elementos absolutamente cruciais” no incêndio.
Uma das contestações apontadas no documento é a recusa de manipulação da fita do tempo. No relatório da CTI é apontado que Albino Tavares, na altura 2º comandante da Proteção Civil, ordenou que não se registassem mais alertas na fita do tempo, o que, por si só, dificulta ainda mais o apuramento da verdade dos factos.
No documento da ANPC esta acusação é contestada e os responsáveis da Proteção Civil garantem que falaram com o na altura 2º comandante nacional de operações e que esta afirmação é falsa.
Aquilo que aconteceu terá sido algo diferente: só colocaram os alertas validados para fazer da fita do tempo algo “realista” e nunca, como diz o relatório da CTI, por excesso de informação, facto facilmente verificável caso a audição tenha sido gravada”.
A ANPC garante ainda que o texto do relatório contradiz as conclusões do mesmo pois estão expressos várias comunicações e alertas depois da alegada proibição, “bastando ouvir os dois operadores do Posto de Comando Operacional para que estes rapidamente esclarecessem o que se passou pois toda a informação passou por eles”.
Para além disso, a ANPC garante que o relatório pedido pelo Governo tem várias “contradições”, factos que não são verdade, além de “opiniões subjetivas”, “sem factos reais” ou “fáceis” de ter depois da tragédia mas que durante o combate inicial eram impossíveis de prever.
Mas alguém confia nesta Proteção Civil? Qual a sua competência para pôr em causa o relatório da Comissão Técnica Independente? Juiz em causa própria? É certo que uma Proteção Civil acossada e incompetente deve ter o direito a defender-se. Mas dar a conhecer o seu relatório é só para fazer ruído. Claro que este governo e a sua base de sustentação o que querem é a balbúrdia, a chicana, o ruído para distrair. Um governo sério pegava no relatório da Proteção Civil, analisava-o, retirava conclusões e agia. Tendo-se ouvido o que disse o PM no momento desta última tragédia, só esperamos que o tempo ou S. Pedro nos ajude, porque da parte do governo e seus serviços não esperemos proteção ou segurança.