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“Projeto Xueliang”. O plano chinês para vigiar 100% do espaço público

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O “Projeto Xueliang” da China tem como objetivo vigiar a totalidade do espaço público, transformando vizinhos em agentes de vigilância do Estado.

Em 2016, o município de Pingyi, localizado sete horas a norte de Shangai, tinha instalado 28.500 câmaras de vigilância em áreas tanto urbanos como rurais. Não só as autoridades e algoritmos de reconhecimento facial têm acesso às imagens, como também os próprios residentes podem assistir a uma transmissão em direto e chamar a polícia caso vejam algo de errado.

O Governo chinês lançou um projeto semelhante em 2015, conhecido como “Projeto Xueliang”, com foco nas áreas remotas e rurais do país. Mas há mais projetos de videovigilância no país: como os Golden Shield Project, Safe Cities, SkyNet ou Smart Cities.

Ao todo, há mais de 200 milhões de câmaras de segurança instaladas na China: cerca de uma para cada sete cidadãos.

Um ano depois da criação do “Projeto Xueliang”, o Governo chinês definiu como objetivo cobrir 100% dos espaços públicos no país até 2020. De acordo com o OneZero, os relatórios disponíveis publicamente sugerem que a meta não foi atingida, embora não andem longe disso.

Informações precisas e atualizadas sobre as iniciativas de vigilância da China não estão facilmente acessíveis, e o que é conhecido publicamente é gerado principalmente por investigadores e jornalistas com algum acesso a funcionários do Governo ou fabricantes de equipamentos de vigilância.

Enquanto os outros programas de vigilância são mais focados nas cidades, o “Projeto Xueliang” reforça a vigilância nas áreas rurais e destina-se a aliviar o trabalho dos departamentos policiais com falta de pessoal.

Segundo um artigo escrito pela media estatal chinesa, por exemplo, o município de Pingyi tem uma população de um milhão de pessoas, mas conta apenas com cerca de 300 agentes.

A premissa do programa é a seguinte: a cidade ou vila é dividida numa grelha e cada quadrado atua como a sua própria unidade administrativa. Os cidadãos assistem a imagens de segurança de dentro da sua grelha e os dados municipais podem ser agregados com base nos relatórios de cada quadrado.

A tecnologia usada é à base de reconhecimento facial em câmaras CCTV. No entanto, os municípios têm liberdade para lhe dar o seu toque pessoal. Por exemplo, no ano passado, a cidade de Harbin anunciou que estava à procura de uma tecnologia de policiamento preditivo para analisar os dados de transações bancárias, histórico de localização e laços sociais de pessoas, assim como determinar se é terrorista ou violenta.

Uma análise de mais de 76 mil avisos de compras governamentais pela ChinaFile mostrou que os gastos com vigilância se tornaram uma parte significativa dos orçamentos de muitas cidades. Em 2018, Zhoukou gastou tanto em vigilância como em educação.

Daniel Costa, ZAP //

5 Comments

  1. Ora aí está um belo projecto para incluir no PRR para Bruxelas. De certeza que o Bloco de Esquerda dará o seu apoio (e PAN também para vigiar quem não cuida dos animais).

  2. Por cá com tanta malandragem cada vez mais ativa e impune, bem se justificaria medida igual, quem não deve, não teme!

  3. Este método seria excelente para Portugal, quer para controlo da pandemia e, porque não, para vigiar os recebedores do dinheiro que vem de Bruxelas.
    É verdade, quem não deve não teme!

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