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Programa de computador prevê os gostos de arte das pessoas

p0ps / Flickr

O quadro “Warrior” (“Guerreiro”), de Jean-Michel Basquiat.

Um programa de computador criado por uma equipa de investigadores conseguiu prever com precisão os gostos de arte das pessoas.

Gostos não se discutem. Seja a cor preferida, o carro que conduz ou o género de música que ouve, não há nada que invalide as preferências das pessoas. Na arte, são os diferentes gostos que permitem criar um público para todas as formas de expressão. Não há forma de saber o que as pessoas vão ou não gostar — ou, pelo menos, não havia.

Uma equipa de investigadores criou um programa de computador capaz de prever com precisão quais pinturas uma pessoa vai gostar. Os autores do estudo publicado na revista Nature Human Behavior pediram a 1.500 voluntários que avaliassem quadros de diferentes correntes artísticas: impressionismo, cubismo, arte abstrata e color fieldum estilo de pintura abstrata.

As respostas dos voluntários foram inseridas no programa, que através de machine learning, foi capaz de prever as preferências artísticas dos participantes.

“Eu costumava pensar que a avaliação da arte era pessoal e subjetiva, por isso fiquei surpreendido com este resultado”, disse o autor principal, Kiyohito Iigaya, num comunicado citado pela Europa Press.

“O ponto principal é que estamos a ter uma ideia do mecanismo que as pessoas usam para fazer julgamentos estéticos”, disse John O’Doherty, professor de psicologia no Caltech. “As pessoas parecem usar recursos de imagem elementares e combiná-los. Este é o primeiro passo para entender como é que o processo funciona”.

O programa divide os atributos visuais de uma pintura em duas categorias: as de baixo nível, em que são tidas em conta características como contraste, saturação e matiz; e as de alto nível, em que, por exemplo, é avaliado se a pintura é dinâmica ou estática.

“O programa de computador calcula o quanto uma característica específica é tida em consideração ao tomar uma decisão sobre o quanto uma determinada obra de arte é apreciada”, explica Kiyohito Iigaya. “As de baixo e alto nível são combinadas ao tomar estas decisões”.

Desta forma, o computador consegue calcular com sucesso o gosto de uma pessoa por outra obra de arte nunca antes vista.

Noutra parte do estudo, os investigadores também mostraram que o seu programa, que já tinha sido treinado nas preferências artísticas, poderia prever com precisão quais fotografias os voluntários gostariam. Eles mostraram aos participantes fotos de piscinas, comida e outras coisas, e viram resultados semelhantes aos que envolviam pinturas.

Daniel Costa, ZAP //

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