Joana Amaral Dias armou confusão – mas o que defende o ADN? E os outros?

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“Não é só protestar. É começar a reconquistar Portugal”. Uma vista de olhos aos programas eleitorais dos mais “pequenos”.

Joana Amaral Dias foi uma protagonista nesta quarta-feira, mais um dia de campanha eleitoral, quando se cruzou com Pedro Nuno Santos no mercado do Livramento, em Setúbal.

A cabeça-de-lista do ADN acusou Pedro Nuno de abusar dos subsídios de deslocação – enquanto o líder do PS foi dizendo que Joana é mentirosa.

É um argumento frequente no discurso do ADN: os subsídios, os “tachos”, os favores, os lóbis, o compadrio, a corrupção, as “mordomias”, os 11 motoristas que estão integrados no gabinete do primeiro-ministro.

A este propósito, espreitámos o programa eleitoral do ADN – Alternativa Democrática Nacional. O partido que quer fazer “tremer o sistema” e que não se encaixa, nem na esquerda, nem na direita.

Logo na introdução, o ADN avisa ao que vem: “Defendemos valores universais: Vida, Família, Liberdade, Propriedade privada, Segurança, Dignidade Humana, Justiça, Solidariedade voluntária e o primado da Lei”.

Dá prioridade à vida e à família – aliás, é este o primeiro tópico do seu programa eleitoral.

É contra: o globalismo, a Agenda 2030, o Euro Digital, um deputado também ser advogado, a “propaganda” LGBT+, a mudança de sexo ou de nome por parte de menores, o aborto e a eutanásia, o acordo ortográfico, a contratação de professores estrangeiros, nacionalidade portuguesa para uma criança – nascida em Portugal – filha de pais estrangeiros, a “fraude climática”, o Pacto sobre Migração e Asilo…

É a favor de: alargar licença de maternidade, dinheiro físico (quer impedir, em Diário da República, a proibição), criptomoedas, mais referendos, crédito à habitação com juros zero nos 5 primeiros anos, acabar com as taxas bancárias, círculo eleitoral nacional, energia nuclear, ensino familiar e doméstico (deixava de ser obrigatória a inscrição do aluno numa escola), liberalizar o uso e porte de armas não letais, indexação da reforma mínima nacional ao salário mínimo…

Não tem qualquer capítulo dedicado especificamente à economia.

O ADN conseguiu 102 mil votos nas eleições legislativas do ano passado. 1,58%. Foram os números mais altos, entre os partidos que não conseguiram qualquer deputado.

Mas, aproveitando este contexto, fomos dar uma vista de olhos pelos programas eleitorais de todos os partidos que não conseguiram qualquer deputado em 2024.

R.I.R.

Foi o segundo mais votado desta lista dos “pequenos”, embora muito longe do ADN (ficou-se pelos 26 mil votos). O partido RIR – Reagir Incluir Reciclar defende contratação de médicos mais cedo, mais creches e infantários públicos e comparticipados, acelerar despejos, salário mínimo de 1.200 euros e ruas com videovigilância, entre outras medidas.

JPP

O JPP – Juntos pelo Povo poderá estrear-se na Assembleia da República, depois dos 19 mil votos há um ano. Os madeirenses “humanistas e de proximidade” querem lutar contra a elevada taxa de desemprego jovem na Madeira, a taxa de população empregada em risco de pobreza, a taxa de risco de exclusão, ou a elevada dívida pública.

ND

Mesmo sendo um partido recém-criado, o ND – Nova Direita chegou aos 19 mil votos. Este partido tem “Libertar Portugal” logo na capa do seu programa eleitoral; quer uma nova constituição, um sistema político presidencialista, dar prioridade a portugueses em concursos públicos, quotas para imigrantes, lutar contra a “cultura woke”, etc..

PCTP/MRPP

O Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP), que teve 15 mil votos no ano passado, lembra no seu programa e estatutos que é o “partido político do proletariado”. Quer derrubar a burguesia, impor o comunismo, é contra o “imperialismo”, e por estes dias é contra a “economia de guerra” e tenta travar investimento na Defesa.

Volt

Com quase 12 mil votos nas eleições de 2024, o Volt aposta no renascimento económico, nas “cidades de 15 minutos”, um Estado mais “inteligente” e mais digital, defende a regionalização, reformar a União Europeia e acha que o 9 de Maio (Dia da Europa) deveria ser feriado em Portugal.

Ergue-te

Num patamar inferior, primeiro o Ergue-te, com 6 mil votos há um ano. O partido quer mudar o paradigma da política em Portugal; e o seu programa eleitoral tem três bases: defesa da identidade e soberania nacionais, definição de perspectivas político-sociais realistas e apoiar a vitalidade biológica e familiar dos portugueses.

MPT

Já o MPT – Partido da Terra, com 4 mil votos no ano passado, sublinha que Portugal deveria respeitar os limites do planeta e valorizar o ser humano; quer requalificar produtos e reciclar matérias-primas, combater o desperdício alimentar e energético, valorizar a produção local e sustentável, educar para a cidadania ecológica e fomentar a inovação verde. Refira-se que este partido apoia a AD. Não está na coligação mas anunciou o seu “apoio político e institucional”.

PTP

O PTP – Partido Trabalhista Português, que teve 2 mil votos em 2024, foca-se na “autonomia plena” da Região Autónoma da Madeira, uma nova lei das Finanças das regiões autónomas, mais poderes legislativos e fiscais para as ilhas, criar fundos de compensação.

NC

Igualmente com 2 mil votos no ano passado, o Nós, Cidadãos! indica no seu programa que tem quatro pontos-base: nova estratégia nacional, sociedade de direitos humanos, reformar o sistema político e eleitoral, promover a transparência e o combate à corrupção.

PPM

O Partido Popular Monárquico (PPM), que agora está fora da AD e que no ano passado, sozinho, só teve 451 votos, destaca no seu (longo) programa eleitoral que quer uma “nação justa e com verdade”. Para isso, quer um círculo eleitoral de compensação, tribunais especializados em crimes económico-financeiros, ou apostar na economia circular.

PLS

Por fim, o estrante PLS – Partido Liberal Social, que se apresenta como “agentes da mudança”. As suas bases passam por “aliar liberdade com dinamismo social, iniciativa individual com solidariedade colectiva, e progresso económico com sustentabilidade ecológica”. A igualdade de oportunidades é um ponto forte das suas ideias.

As eleições legislativas 2025 realizam-se no próximo domingo, dia 18 de Maio.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

4 Comments

  1. O «…que defende o ADN…» e «…os outros…»? Defendem o mesmo que a Presidência, os Governos, e os partidos que se encontram na Assembleia da República, o regime liberal/maçónico, o situacionismo, e a manutenção do actual sistema político-constitucional.
    «…Desde um extremo ao outro do espectro partidário português, estes partidos são todos iguais no seu conservadorismo de regime. Fingem se combater uns aos outros, só para enganar os Portugueses mais distraídos. Porém, estão alinhados, todos e ainda que em estilos diversificados, sob as mesmas batutas que controlam a imposição do sistema político-constitucional ainda vigente…» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha» (https://www.aofa.pt/rimp/PR_Alberto_Joao_Jardim_Documentacao.pdf)

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  2. Deixem-me ver se percebi. Quer dizer que fazer uma pergunta completamente legitima agora é considerado ” armar confusão” ?
    Posso estar mal informado mas também ouvi dizer que o Pedro Nuno Santos, mesmo tendo casa em Lisboa, deu outra morada e, por isso, recebeu mais de 200 mil euros de ajudas.
    Mas afinal é verdade ou é mentira? Também gostaria de saber mas se calhar isso não deve ser perguntado porque não se pode “armar confusão “.

    E depois há aqueles que seguem o seu “líder” cegamente e o defendem com unhas e dentes como se fossem familiares e estivessem acima de qualquer suspeita sem olhar aos problemas.
    E isto também se aplica ao outro daqueles que estão a prometer há 50 anos mas ainda não tiveram tempo para fazer nada sem ser levar este país ao caos completo.

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