Professores vão ter formação para lidar com emoções

O projeto-piloto arranca este ano com 200 voluntários. O objetivo é que, posteriormente, a formação seja ministrada nos centros.

Um projeto-piloto pioneiro de formação socioemocional para professores vai arrancar ainda este ano letivo.

A garantia foi dada ao Jornal de Notícias por Pedro Cunha, diretor do programa Gulbenkian Conhecimento, que organizou o curso com o apoio do Ministério da Educação e espera, no próximo ano, ter os centros de formação para professores aptos a alargarem as competências a todos os profissionais da educação.

Os dois módulos que compõem o curso estão prontos e só aguardam que seja ultimado o processo de certificação por parte da Universidade do Minho.

Quando esta etapa estiver concluída, o projeto-piloto arranca, com a duração de três meses e 200 voluntários, repartidos por 10 turmas de norte a sul do país.

Segundo Pedro Cunha — que já desafiou professores e psicólogos a inscreverem-se para receberem a formação e, depois, serem eles próprios formadores de outros profissionais de educação — a aceitação tem sido muito boa. “Vários mandaram logo e-mails a confirmar o interesse“, contou.

A intenção é que, no próximo ano letivo, a formação seja alargada a todos os centros de formação para professores do país. A partir daí, qualquer professor que queira, terá, na sua zona, essa formação disponível.

No primeiro módulo, os docentes irão aprender a “reconhecer, regular e comunicar as suas emoções”, assim como perceberão “o impacto que isso tem na forma como desenvolvem a sua atividade profissional”.

É um conteúdo que “não existe na formação inicial nem formação contínua de professores”, mas que a “evidência já demonstrou que é fundamental no sucesso do papel dos professores”, considera o responsável da Gulbenkian.

Pedro Cunha espera que, no futuro, estes temas venham a fazer parte “da formação inicial dos professores nas universidades e politécnicos”.

O segundo módulo ajudará os docentes a desenvolver competências socioemocionais junto dos seus alunos.

É uma “coleção de estratégias” que resultam da experiência recolhida nas 100 Academias Gulbenkian do Conhecimento e que se “revelaram eficazes em contexto escolar para a promoção de competências sociais e emocionais de crianças de várias faixas etárias”, explica Pedro Cunha. A Calmamente foi uma dessas academias.

Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), admite que esta formação poderá ajudar os professores a lidar com alguns dos muitos problemas sociais que “desaguam” nas escolas.

Mas, nesta altura, há problemas mais “urgentes” a resolver, refere. Aponta “o rejuvenescimento da classe docente, a redução do número de alunos por turma e o reforço de pessoal auxiliar”, alerta.

Vários estabelecimentos de ensino estão já a trabalhar competências sociais e emocionais junto dos alunos, com o aval do Ministério da Educação (ME), através do programa Escolas Ubuntu, um modelo de capacitação de inspiração africana.

Neste primeiro ano, explicou o ME, “serão envolvidos estudantes do 3.º Ciclo e do Secundário que participem nas Semanas Ubuntu e no Clube Ubuntu. No segundo ano de execução (2022-2023) serão envolvidos estudantes do 1.º, 2.º, 3.º ciclos do Básico e do Secundário”. Estão inscritos no programa “mais de 300 agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas”.

Nos próximos dias 21 a 25 de fevereiro, alunos de todo o país vão associar-se à “Semana Ubuntu da Empatia”, iniciativa dinamizada pelo Instituto Padre António Vieira. O objetivo é promover ações que façam os jovens “pensar e sentir a partir do ponto de vista do outro”.

ZAP //

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