A Federação Nacional dos Professores considera que não estão reunidas as condições de confiança para as escolas reabrirem parcialmente e volta a defender a testagem de toda a comunidade escolar.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) considerou esta segunda-feira que não estão reunidas as condições de confiança para as escolas reabrirem parcialmente na próxima segunda-feira e anunciou a entrega de uma petição a reclamar testes de despistagem à doença Covid-19.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse em declarações aos jornalistas, por videoconferência, que “não há condições, do ponto de vista de confiança”, para a reabertura das escolas para os alunos dos 11.º e 12.º anos.
A Fenprof, que esta segunda-feira reuniu com o Ministério da Educação por causa da reabertura parcial das escolas, considera “importante que toda a comunidade escolar”, incluindo alunos, professores e pessoal não docente, seja testada várias vezes para dar “confiança às pessoas”.
Mário Nogueira assinalou que os professores mais velhos “correm um risco superior” de contágio.
“O futebol não pode ter um estatuto diferente da educação”, afirmou, acrescentando que “os problemas não se resolvem na escola só com máscaras e gel” desinfetante.
O dirigente da Fenprof anunciou a entrega na terça-feira, no parlamento, de uma petição a exigir a realização de testes de despistagem à Covid-19 a toda a comunidade escolar, a começar nos concelhos com mais casos de infeção.
O Ministério da Educação reservou esta segunda-feira o dia para se reunir com as estruturas sindicais dos professores sobre a reabertura parcial das escolas, prevista para a próxima segunda-feira para os alunos dos 11.º e 12.º anos, que terão aulas presenciais nas 22 disciplinas exigidas para os exames nacionais de acesso ao ensino superior.
A Fenprof entende que os delegados de saúde deveriam, em cada concelho, dar um parecer prévio antes da reabertura das escolas para acautelar a retoma das aulas presenciais em segurança.
Aos professores, a estrutura sindical recomendou para que se recusem a entrar numa sala de aula se a escola não disponibilizar máscaras.
Invocando “a sobrecarga” de trabalho dos docentes, que se terão de dividir em aulas presenciais e à distância, para o caso de darem também aulas a alunos de outros níveis de ensino ou doentes, Mário Nogueira defendeu que o Ministério da Educação deveria ter permitido que as escolas, tendo autonomia pedagógica, pudessem ter encontrado “a solução” para gerir o apoio a conceder aos estudantes e o regime de aulas.
Até para salvaguardar, de acordo com o dirigente da Fenprof, que no momento da realização dos exames nacionais não houvesse desigualdade entre alunos.
A reabertura parcial das escolas na próxima semana é uma das medidas do plano de desconfinamento do país definido pelo Governo para ser aplicado faseadamente.
Os estabelecimentos de ensino estão agora autorizados a completar horários de professores, pagar horas extra e até contratar docentes, escreve o Jornal de Notícias esta terça-feira. A garantia foi dada pelo Ministério da Educação e confirmada também pelos sindicatos do setor.
Petição para testes antes do regresso
Mais de três mil pessoas assinaram a petição a exigir que toda a comunidade escolar seja testada antes do regresso às aulas, um abaixo-assinado que a Fenprof quer que seja discutido no parlamento.
A Fenprof lançou uma petição a exigir a realização de testes de despistagem de covid-19 a alunos, professores e funcionários antes de poderem regressar às escolas.
Em apenas dois dias, cerca de três mil pessoas assinaram a petição, anunciou esta segunda-feira a Fenprof, que recorda que são precisas quatro mil assinaturas para que o documento seja debatido no Parlamento.
A estrutura representativa dos professores critica o Governo por defender a importância de realizar testes, mas depois não ter uma posição semelhante no que toca às escolas.
“Para as escolas secundárias e jardins de infância, testar não parece fazer parte da lógica de reabertura de estabelecimentos, apesar de se aproximar a data prevista pelo Governo para que seja retomada atividade presencial”, alerta a Fenprof em comunicado.
“Está próxima a meta das 4000 assinaturas, indispensável para levar a Assembleia da República a debater esta petição em sessão plenária”, refere a Fenprof, acrescentando que a realização de testes é um dos temas que irá abordar hoje em reunião com o Ministério da Educação.
A Fenprof questiona ainda a necessidade de retomar a atividade presencial no ensino secundário – “não poderão as escolas optar sobre qual o regime a adotar após dia 18?” – e sobre a realização dos exames finais.
Para a Fenprof, o recomeço das aulas presenciais deve estar dependente de várias condicionantes, tais como a realização dos testes à covid-19, a higienização das escolas ou a fixação de um número máximo de pessoas por sala.
Sobre as condições em que poderão abrir os jardins de infância, a Fenprof considera “inaceitáveis” as orientações da DGS, até porque as crianças “não são mercadoria que se arruma, imóvel, numa qualquer prateleira de armazém”.
A Fenprof já solicitou uma reunião à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para discutir as condições em que se prevê a reabertura das creches.
ZAP // Lusa
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