Os estabelecimentos de ensino já estão a preparar as listas com os nomes dos professores, educadores e funcionários a incluir no plano de vacinação. A inoculação dos profissionais do pré-escolar e 1.º ciclo deverá decorrer entre finais de março e início de abril.
Segundo o semanário Expresso, esta terça-feira, as Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) que funcionam como creches e jardins de infância receberam o pedido para começar a enviar “a informação relativa à identificação dos profissionais a integrar as listas para vacinação“.
De acordo com o e-mail a que o jornal teve acesso, os profissionais a considerar nesta fase são aqueles que, “no desempenho das suas funções, contactam diretamente, através de prestação de cuidados e acompanhamento, com a população utente/clientes da instituição”.
Esta quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou que os professores e os funcionários dos estabelecimentos de ensino vão ser incluídos no grupo prioritário a ser vacinado durante a primeira fase.
Mais tarde, recorda o jornal Público, o Ministério da Saúde adiantou que a vacinação dos “professores e auxiliares dos ensinos pré-escolar e primeiro ciclo público e privado deverá decorrer entre finais de março e início de abril“.
Segundo os últimos dados do Ministério da Educação, citados pelo Expresso, trabalham nas escolas 155 mil educadores e professores e cerca de 81 mil funcionários. A estes juntam-se ainda cerca de 30 mil trabalhadores das creches, o que totaliza 266 mil profissionais.
Um grupo muito numeroso que se vai juntar agora aos das forças de segurança, dos militares, dos bombeiros e ainda às pessoas com mais de 80 anos e doentes de maior risco, entre os 50 e os 79 anos, que já estão a ser vacinados. Além disso, também foi anunciado que as pessoas com trissomia 21 passaram para a primeira fase.
Questionado pelo diário se esta inclusão não vai atrasar a vacinação, o coordenador da comissão técnica de vacinação da DGS, Valter Fonseca, mostrou-se positivo.
“O planeamento vai ser feito de acordo com a disponibilidade das vacinas e prevê-se um aumento da chegada das doses em breve, pelos que estes ajustes não comprometem as metas definidas”, assegurou.
Esta quarta-feira, numa entrevista ao Diário de Notícias, Margarida Tavares, pediatra do Hospital de São João, no Porto, afirmou que “enquanto não incluirmos as crianças na vacinação, não vamos ter esta situação totalmente controlada”.
“Não podemos ter ilusões. Enquanto não incluirmos as crianças na vacinação não vamos ter esta situação totalmente controlada. Sobretudo nos adolescentes. Claro que é sempre mais difícil recrutar crianças e adolescentes para ensaios clínicos, é um processo mais lento e complexo, mas vai ter de avançar”, declarou esta profissional de saúde.
A pediatra admite, porém, que, “se todos os adultos estiverem vacinados, certamente que chegaremos a níveis de imunidade que permitam um controlo da pandemia muito razoável”.
“Depois, se o vírus será sazonal, se sofrerá mutações ou obrigará a atualizar as vacinas, tudo isso terá de ir sendo equacionado. No entanto, para haver um controlo completo da situação, a vacinação abaixo dos 18 anos será inevitável”, reforçou.
O ritmo da vacinação desacelerou na última semana em Portugal, em comparação com a semana anterior (160 mil vacinas, menos 24 mil). Ainda assim, em todo o continente, e até domingo, 293.245 pessoas já tinham recebido as duas doses das vacinas, mais 26.059 do que na semana passada.