O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, anunciou que se vai demitir da liderança do Fine Gael, mas que mantém funções como chefe de Governo até à eleição de um sucessor a 2 de junho.
“Vou deixar a liderança do Fine Gael com efeitos a partir da meia-noite. Quero assegurar que durante este processo interno, continuarei a exercer as minhas funções como primeiro-ministro”, escreveu.”, afirmou esta terça-feira em comunicado.
Kenny, 66 anos, lidera o partido há 15 anos e o governo há mais de seis. “No ano passado, indiquei que não ia liderar o Fine Gael nas próximas eleições gerais. Decidi avançar hoje com essa decisão”, referiu Enda Kenny, na mesma nota informativa.
O ministro da Habitação, Simon Coveney, e o ministro da Proteção Social, Leo Varadkar, são apontados como favoritos à sua sucessão.
Quem suceder a Enda Kenny vai liderar a Irlanda durante as complexas negociações do “divórcio” entre o Reino Unido e a União Europeia (UE). O Brexit, como ficou conhecida a saída britânica do bloco europeu, terá grandes implicações na Irlanda, o único país da UE que partilha uma fronteira terrestre com o Reino Unido.
Eleito primeiro-ministro em 2011, Enda Kenny foi reeleito em maio de 2016 após mais de dois meses de impasse político. É reconhecido como o homem que tirou a Irlanda da crise.
Poucos meses antes de Enda Kenny ter assumido o cargo, a Irlanda, membro da zona Euro, fortemente endividada no seguimento da crise financeira de 2008, foi forçada a procurar ajuda internacional.
O primeiro mandato de Enda Kenny foi dominado pelas dificuldades económicas, mas depois de vários anos de duras medidas de austeridade, Dublin conseguiu recuperar o controlo das suas finanças e o desemprego diminuiu consideravelmente.
No entanto, o país não conseguiu recuperar totalmente o seu brilho de “Tigre Celta”, como era conhecida a República da Irlanda e a sua prosperidade económica.
Enda Kenny foi reeleito em maio de 2016, mas sem maioria no parlamento e precisou do apoio da oposição para se manter no poder.
Uma das informações avançadas pelas agências internacionais é que a saída de Kenny foi precipitada pelas fortes críticas relacionadas com a sua gestão de um alegado escândalo de abusos contra menores dentro da polícia, revelado em fevereiro.
// Lusa