O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, apresentou esta sexta-feira a sua demissão após um dia marcado pela morte de dezenas de manifestantes anti-governo.
Na quinta-feira, pelo menos 27 manifestantes foram mortos numa cidade do sul do Iraque, Nassiriya, que está cercada por forças de segurança devido aos confrontos entre polícias e grupos de protesto.
Este foi um dos mais mortais desde o início dos protestos no Iraque para pedir a “queda do regime”, numa altura em que se assinala o primeiro ano do novo executivo iraquiano, que implementou uma série de reformas económicas alvo de contestação.
O anúncio surge poucas horas depois da mais alta autoridade xiita do país, Ali Sistani, ter pedido um novo governo para o Iraque. Esta foi a primeira que o aiatolá mostrou o seu apoio aos protestantes.
“O Parlamento do qual surgiu o governo atual está convocado a repensar a opção que tomou naquele momento e a atuar pelo bem do Iraque, para preservar a vida dos seus filhos e evitar que o país afunde na violência, no caos e na destruição“, disse Sistani num sermão lido por um dos seus auxiliares.
Segundo a AFP, a demissão de Adel Abdul Mahdi foi recebida pelo povo iraquiano, com os manifestantes presentes na Praça Tahrir, em Bagdade, a explodirem de alegria.
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Mais de 400 pessoas foram mortas e 15.000 feridas, na sua maioria manifestantes, desde o início de outubro, segundo fontes médicas e de segurança. A contestação decorreu até agora em duas fases. A primeira, entre 1 e 6 de outubro provocou, segundo números oficiais, 157 mortos, quase todos manifestantes. A segunda começou no dia 23 à noite, por ocasião de uma importante peregrinação xiita.