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No primeiro comício pós-covid, Jerónimo disse não ter “ilusões” quanto ao plano do Governo

José Sena Goulão / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

O líder do PCP admitiu, este domingo, que não tem ilusões quanto à eficácia no “curto prazo” para o plano do Governo para responder à crise causada pela pandemia, atacou “insuficiências”, mas registou “aproximações” dos socialistas.

Jerónimo de Sousa escolheu o regresso do partido aos comícios, em Lisboa, no parque Eduardo VII, para fazer uma crítica severa ao Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), por nada prever, por exemplo, quanto à proibição dos despedimentos.

“Ficou aquém na resposta que se exigia para combater o vírus do crescimento do desemprego. Desde logo não assumindo a proibição de despedimentos neste período, nem a reposição dos vínculos de todos os trabalhadores entretanto despedidos”, afirmou, num discurso de 30 minutos a algumas centenas de pessoas, num comício em que os militantes, grande parte deles com máscara, ficaram a alguma distância uns dos outros.

O líder do PCP mostrou-se cético quanto ao PEES, embora nada tenha dito quanto a um sentido de voto dos comunistas no Parlamento sobre o Orçamento Suplementar, que é apresentado esta semana.

Não temos ilusões em relação à eficácia do Programa de Estabilização com as suas insuficientes medidas de curto prazo, para conter e impedir no imediato os previsíveis perigos que estão presentes na realidade portuguesa”, admitiu.

E deu depois os exemplos das áreas em que acreditar que dê resposta: “Os riscos das falências, a redução significativa do poder de compra da população e evitar os seus impactos negativos no plano social e económico, as limitações nos serviços públicos que impedem a resposta que seria agora exigida e necessária; os processos de ainda maior concentração e centralização de capital.”

O líder comunista registou uma aproximação do Executivo de António Costa “em relação a propostas” do partido, “como a do aumento da proporção do salário pago em situação de lay-off” ou “a suspensão do Pagamento por Conta para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), como o apoio aos sócios-gerentes” ou ainda na “melhoria das condições de acesso ao subsídio social de desemprego e ao RSI”.

Ou ainda na proposta de criar “uma prestação social de apoio extraordinária de 438 euros a todos aqueles que ficaram sem qualquer meio de subsistência e não têm resposta nos apoios atuais”.

“Indo ao encontro da nossa iniciativa, o Governo acolheu-a para os trabalhadores independentes, mas deixou muitos trabalhadores de fora, alguns com vínculos de trabalho atípico e sem solução”, referiu, prometendo que o PCP vai “continuar a lutar para garantir a sua aplicação de forma ampla”.

Apesar das críticas e de reconhecer as “aproximações” ao PCP quanto ao PEES, que servirá de base ao Orçamento Suplementar, Jerónimo de Sousa nada disse sobre a posição dos comunistas quanto ao documento.

O PCP é o primeiro partido a organizar um comício após o período de confinamento do país causado pelo surto epidémico do novo coronavírus, que já infetou 34.693 pessoas e fez 1479 mortos.

Na semana passada, o partido também afirmou que o recinto do Avante!, na Quinta da Atalaia, no Seixal, iria começar a ser montada este sábado. A festa está agendada para dentro de três meses, entre 4 e 6 de setembro.

ZAP // Lusa

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