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Presidente ucraniano bate recorde com conferência de imprensa de mais de 14 horas

Stepan Franko / EPA

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy

O ex-ator eleito em abril Presidente da Ucrânia quebrou esta quinta-feira um recorde no país, ao fazer uma conferência de imprensa que durou mais de 14 horas, a mais longa da história.

O encontro com os jornalistas acabou pouco depois da meia noite e, de acordo com a agência Reuters, foi várias vezes interrompido por protestos no piso inferior do local, um espaço de restauração que está na moda no centro de Kiev.

Volodymyr Zelensky tem enfrentado várias polémicas, para além do controverso telefonema do Presidente dos Estados Unidos, que vão desde o acordo de paz no sudeste da Ucrânia, a visita do FMI e a renúncia de um membro reformista do gabinete.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o seu governo decidiu que seria necessário uma grande iniciativa para repor a narrativa do Presidente que chegou ao poder sem qualquer experiência política. O resultado foi uma maratona de 14 horas com 300 jornalistas que se foram revezando e em que Zelensky garantiu que não foi chantageado por Trump.

Quase oito horas após o início da conferência de imprensa, um representante da agência levantou-se para anunciar o recorde e presenteou Zelensky, que falou em ucraniano, russo e inglês, com um prémio da conferência de imprensa mais longa.

O Presidente ucraniano reagiu expressando a sua surpresa, dizendo que era uma pessoa “modesta”, que odiava celebrações e chegou a dizer que tinha tomado injeções para fortalecer as cordas vocais antes da conferência de imprensa.

O recorde anterior pertencia ao Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, com uma conferência de imprensa de mais de sete horas, de acordo com os órgãos de comunicação social ucranianos.

Várias centenas de jornalistas ucranianos e estrangeiros conversaram com Zelensky em torno de uma mesa no Food Market, que serve hambúrgueres e pizzas, segundo o Observador. O Presidente ucraniano discutiu vários tópicos, como o conflito no leste da Ucrânia, as relações com a Rússia ou sua conversa por telefone com o Presidente dos EUA, cuja revelação levou o republicano Donald Trump a estar sob a ameaça de um processo de demissão iniciado pelos democratas.

Segundo a Reuters, durante a conferência de imprensa soube-se que procuradores nos Estados Unidos disseram que dois dos associados do político americano Giuliani foram presos devido a um esquema para canalizar ilegalmente dinheiro para um comité eleitoral pró-Trump e outros candidatos políticos dos EUA. Zelensky garantiu nunca os ter conhecido.

O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden.

Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.

Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.

A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.

ZAP // Lusa

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