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Presidente sul-coreana destituída por “traição à pátria”. Protestos causam dois mortos

Republic of Korea / Flickr

A presidente da Coreia do Sul,  Park Geun-hye

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye

Duas pessoas morreram esta sexta-feira, na sequência de manifestações na Coreia do Sul, horas depois da destituição pelo Tribunal Constitucional da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, informou a agência Associated Press.

Um responsável de um hospital disse que um homem de cerca de 70 anos morreu na sequência de ferimentos na cabeça, depois de cair de cima de um autocarro da polícia em frente ao Tribunal Constitucional, após a decisão, tomada por unanimidade, relativamente ao impeachment da chefe de estado da Coreia do Sul.

A mesma fonte afirmou que o homem, que se estima ser apoiante de Park, estava a sangrar bastante quando chegou ao hospital e que morreu ao início da tarde (madrugada em Lisboa).

A polícia sul-coreana informou que uma segunda pessoa que estava a protestar contra a destituição de Park morreu, mas sem facultar mais detalhes.

Milhares de apoiantes de Park reagiram mal ao veredito, gritando e atingindo os agentes da polícia com paus de bandeiras e foram para cima dos autocarros da polícia usados para criar um perímetro de segurança para proteger o tribunal.

A destituição de Park Geun-hye já tinha sido aprovada em dezembro no parlamento, mas para ser definitiva tinha de ser ratificada pelo tribunal.

Os oito juízes do Tribunal Constitucional decidiram por unanimidade afastar Park da presidência pelo que classificam de “atos que violam a Constituição e as leis” e que “traíram a confiança do povo“, o que não pode ser tolerado a bem da proteção da Constituição”, disse o juíz-chefe Lee Jung-mi no veredito, citado pelo Telegraph.

A presidente sul-coreana é suspeita num caso de corrupção e tráfico de influências. O Ministério Público considera que Park Geun-hye teve um papel “considerável” no caso e acusou formalmente a amiga Choi Soon-sil e dois antigos assessores, indicando que Park cooperou com os acusados, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.

O escândalo “Choi Soon-sil Gate” reduziu a taxa de aprovação da Presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.

Coreia do Sul em alerta face à Coreia do Norte

O Ministério de Defesa e o Estado-maior Conjunto da Coreia do Sul ordenaram aos militares no ativo que elevem o seu nível de alerta face a possíveis “provocações” de Pyongyang, após a destituição da Presidente sul-coreana.

Numa videoconferência com os comandantes militares, o ministro da Defesa, Han Min Koo, disse que a Coreia do Norte pode fazer provocações “estratégicas ou operacionais” a qualquer momento.

Na segunda-feira, Pyongyang lançou quatro mísseis de médio alcance para o Mar do Japão, em resposta às manobras anuais conjuntas que estão a ser realizadas em território sul-coreano pelas tropas de Seul e Washington.

A imprensa da Coreia do Norte, que seguiu de perto o escândalo de corrupção que abalou o país vizinho, informaram da destituição da Presidente sul-coreana num breve despacho sobre a decisão do tribunal em Seul, antecipando que Park vai agora ser investigada como uma “criminosa comum“.

O partido da Presidente sul-coreano Park Geun-hye disse, entretanto, que “aceita humildemente” a decisão do Tribunal Constitucional de retirar Park do cargo de chefe de Estado e que se sente responsável pela sua queda.

Park Geun-hye, de 64 anos, tornou-se na primeira mulher a assumir a presidência na Coreia do Sul, a 25 de fevereiro de 2013.

Solteira e sem filhos, Park Geun-hye, filha do falecido ditador Park Chung-hee, dedicou grande parte da sua vida à política, desde que em 1974, com apenas 22 anos, assumiu o papel de primeira-dama depois de um terrorista norte-coreano ter assassinado a sua mãe, Yuk Young-soo.

Com a destituição ratificada esta sexta-feira pelo tribunal, Park perde a imunidade e a Coreia do Sul tem que realizar eleições presidenciais no prazo inferior a 60 dias.

// Lusa

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