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O preço do café atingiu o seu valor mais alto em quatro anos. Mas a que se deve este aumento?

Tal como em todas as cadeias de produção, o consumidor final passou a sentir no bolso o aumento de uma das bebidas mais populares do mundo: o café.

Depois de subirem na primavera, os preços de bens como madeira, milho e soja voltaram à normalidade. Já o do café está a caminhar na direção oposta.

As remessas de café provenientes do Brasil – o maior produtor de café do mundo – estão cada vez mais caras e atingiram o seu preço mais alto nos últimos quatro anos. Os especialistas apontam como causa o clima adverso que se fez sentir no Brasil nos últimos meses.

“O Brasil é o maior produtor de café do mundo”, referiu Warren Patterson, diretor de estratégia do ING, à CNN, relembrando que o país foi “atingido por uma forte seca este ano”.

Em julho, o preço do café arábica – de maior qualidade – subiu 10%, atingindo o seu maior valor em 7 anos. Este é o resultado das fortes geadas do final de julho, que comprometeram fortemente as plantações.

De acordo com as informações divulgadas pela Quist Investimentos, as exportações do produto aumentaram, o que culmina numa menor oferta no mercado interno, como informa a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC).

Paralelamente, a escassez e aumento do preço dos contentores continuam a agitar as cadeias globais de abastecimento e prevê-se que nos próximos dois anos o abastecimento mundial de café fique mais apertado, comprimindo as margens e aumentando os receios de inflação, alerta a Bloomberg.

Segundo Douglas Duek, economista e CEO da Quist Investimentos, as condições climáticas – de uma seca prolongada, com geadas no final – juntamente com fatores económicos, resultam num aumento direto para o consumidor. O especialista alerta ainda, em declarações ao site Agro Link, que em setembro, por exemplo, o aumento total pode ficar entre 35% e 40%, o maior acréscimo em 25 anos.

As geadas de julho também representam risco para as próximas colheitas, o que pode manter os preços elevados no supermercado.

Duek aponta como outro fator preponderante, o encarecimento da matéria-prima, que também tende a ficar mais escassa. “Será uma readaptação do consumidor, que já lida com outros aumentos e irá precisar de se ajustar para mais um, que diz respeito a algo muito presente” na vida dos consumidores, completa.

O economista salienta ainda que a acumulação de dívidas por parte do produtor, pode acontecer em função de todos esses eventos.

Contudo, mesmo com os preços mais elevados o “consumo não irá diminuir”, referiu o analista do Rabobank Guilherme Morya.

Os preços teriam de subir acima dos 4 dólares (3,40 euros) por quilo para começar a fazer diferença no consumo, segundo Sterling Smith, diretor de investigação agrícola da AgriSompo North America. “Até lá, os consumidores sensíveis aos preços podem procurar cafés mais baratos ou fazer mais café em casa”, refere à Bloomberg.

ZAP //

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