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Portugueses devem “preparar-se para período difícil”. Crises políticas vão afetar economia europeia

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valstskanceleja / Flickr

Michel Barnier, primeiro-ministro francês

“Há muitas crises políticas na Europa” que influenciam a nossa economia. “Que vai haver um adiamento da descida, vai”, diz economista em relação às taxas de juro. Para toda a economia europeia, há “riscos externos significativos”.

O economista João Duque, num espaço de comentário da Renascença, afirmou que a crise política vivida atualmente em França após moções de censura ao governo deverá afetar a economia portuguesa.

Ainda assim, mantém-se pouco alarmista: existem “muitas crises políticas na Europa” e “somos todos afetados por via do euro e da inflação“, garante, pelo que a situação não é completamente nova.

“O coração da Europa tem fortíssimas palpitações. Estamos a ver a Europa a esfolar a sua unidade e a vermos outros blocos de economias a aumentá-la. No meio, está a Europa sem capacidade de se unir e defender, com uma política comum”, aponta João Duque.

A descida das taxas de juro em Portugal poderá, portanto, ficar comprometida, e deverá, pelo menos, abrandar depois da situação política francesa. “Espero que não se comprometa, mas que vai haver um adiamento da descida, vai“, garante o economista.

De acordo com o jornal Expresso, a França poderá entrar em 2025 sem ver sequer o seu Orçamento de Estado aprovado. Uma nova crise despoletada por França, a segunda maior economia do euro, pode pôr a Europa numa situação de fragilidade.

“França está no caminho inverso aos dos países que, como Portugal e a Grécia, estiveram no olho do furacão no início da década passada”, com uma dívida medida em percentagem do PIB de 112,1% este ano e que deverá subir para 117,1% em 2026, “com 6,15% de deficit público e sem um vislumbre de conseguir mudar a trajetória”, diz o economista António Nogueira Leite.

“Se os mercados de repente se focarem em França — por exemplo, se o governo cair ou a incapacidade persistir por muito mais tempo — a zona euro entra na zona de risco. Uma coisa foram os programas de apoio ao pricing da dívida portuguesa ou grega. Outra, bem maior, seria uma indisponibilidade para financiar a França e a sua dívida pública“, comenta o economista.

“Não faço ideia do que esteja a ser feito, mas admito que a certa altura os franceses comecem a pressionar o BCE para lhes aliviar o custo do financiamento. Devemos esperar o melhor mas prepararmo-nos para um período muito difícil, numa altura em que o governo alemão perdeu autoridade política e está de saída, e os riscos externos são significativos“.

Montenegro e as “incertezas”

O primeiro-ministro Luís Montenegro também já reagiu à ameaça económica que pode vir como acréscimo à crise política francesa e alemã. Garante estar preocupado com as “incertezas”.

Questionado pelo jornal ECO sobre se a França poderá ser a nova Grécia, no que toca à instabilidade financeira e do arrastamento da Zona Euro, o primeiro-ministro recusou esse cenário, mas, admite, “é uma situação que preocupa, por juntar instabilidade política e financeira”.

Ainda que admita que “as incertezas que estão no horizonte” na Alemanha e em França e estas podem “condicionar o futuro próximo”, o primeiro-ministro português vê na crise económica europeia uma forma de colocar Portugal em destaque: os portugueses podem, agora, “impor-se” no contexto internacional, tornando o nosso pais num local de investimento seguro.

“Do ponto de vista do nosso interesse nacional, podemos assumir-nos na Europa, e a partir da Europa também no mundo, como um destino seguro de investimento e de aproveitamento do capital humano e empresarial, para podermos ser mais produtivos, eficientes na criação de riqueza e, com isso, colocar em marcha o nosso objetivo de crescimento e dar durabilidade à nossa trajetória [económica]”, disse esta terça feira Montenegro.

ZAP //

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4 Comments

  1. Portugal com a grande qualidade de políticos que tem já está a tratar do futuro, abrindo os cordões a bolsa esbanjando dinheiro seguindo o modelo do José Socrates antes da vinda da troika. A historia dos últimos 50 demonstra que a nossa elite política é muito boa a evitar crises economicas.

  2. Que novidade. Não vale a pena rodear o assunto, tentar encontrar culpados, etc., etc,,.
    A Europa está falida, está sem €€€.
    Estamos a entrar na fase de “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
    Já era de prever, as decisões políticas dos últimos 15 anos, aquecimento global (destruir a capacidade de produzir energia), sermos inclusivos (manter milhões de pessoas que entraram na Europa e comem e dormem da Segurança Social), transferir o sector industrial para oriente, entre outras decisões. Qual o futuro?
    É bom governar com o €€€ dos outros, mas, quando acaba… acaba.

  3. Se “Uma nova crise despoletada por França”, então não haverá problema algum, pois ao retirarem a espoleta a crise não será desencadeada.

  4. A Europa há muito que esta adormecida, falida, desarmada, desindustrializada, esquecida e etc.
    A globalização e os políticos que temos tido só podiam dar nisso. Tudo quanto compro é chines. Mesmo coisas que parecem muito boas e até têm marcadas referências em línguas europeias, lá no fundo, bem no fundo, encontra-se sempre made in china. Só o que nos pode salvar é aquele político que foi para a UE e que tanto fez em Portugal durante 8 anos.

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