Portugueses estão fartos do Governo, mas sentem que não há alternativas na oposição

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António Cotrim / LUSA

António Costa

A maioria dos portugueses chumba a prestação do Governo, mas quer a sua continuidade até 2026. A falta de alternativas claras à direita explica a relutância em avançar para novas eleições.

Uma nova sondagem do Cesop/Universidade Católica para o Público, RTP e Antena 1 deixa o Governo mal da fotografia, mas levanta ainda várias questões sobre o leque de alternativas.

Cinco em cada 10 inquiridos consideram que a trabalho do executivo tem sido “mau” ou “muito mau”, mas, mesmo assim, 70% acreditam que “o melhor para o país” é que o Governo cumpra o mandato até ao fim e apenas 26% defende a convocação de eleições antecipadamente.

Apesar da aparente contradição, há explicações lógicas para este fenómeno — os portugueses querem estabilidade política e acreditam que não há alternativas de qualidade na oposição.

Carlos Jalali, investigador associado da Universidade de Aveiro, revela ao Público que “um descontentamento com o desempenho não significa necessariamente que as pessoas queiram eleições antecipadas”. “Isso é uma situação extrema”, frisa.

“São resultados paradoxais que se explicam por uma valorização da estabilidade política. Há uma percepção negativa das políticas do executivo. Mas não basta que a situação esteja muito má; é preciso quem faça melhor. E o PSD não parece ainda preparado para isso”, explica André Freire, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia dos Iscte-IUL.

O especialista dá como exemplo a falta de respostas do PSD. “O PSD já devia ter acelerado os seus grupos de reflexão e ter algumas propostas estruturadas, em áreas-chave, para dinamizar a economia, e soluções para a saúde e educação. Não pode apenas cavalgar o descontentamento“, aponta.

“Portugal tem um problema de elevada fiscalidade e retorno baixo nos serviços públicos, mas não sabemos o que o PSD propõe fazer se estivesse no Governo”, já que Montenegro “propõe nuances e nada mais”, atira André Freire.

“Para saber quem faria melhor é preciso haver propostas e do PSD não há. A IL sabe-se ao que vem; o Chega joga no protesto e capitaliza com isso”, acrescenta.

Que Governo se seguiria a este?

Há ainda muitas dúvidas sobre que partidos integrariam um novo Governo. “Esta sondagem dá uma ligeira margem à direita, mas isso suporia um entendimento entre partidos muito diferentes (alguns assumidamente anti-sistema), por isso a pergunta ‘que Governo sucederia a este?’ pode entrar na dimensão”, supõe Carlos Jalali.

A sondagem mostra ainda que a direita toda junta (51%) ultrapassa agora as intenções de voto à esquerda, principalmente graças às subidas do Chega e dos liberais. No entanto, o PSD ganha apenas um ponto percentual (31%) em relação ao inquérito anterior, o que abre dúvidas sobre a composição de um Governo alternativo.

André Freire acredita que a “descoordenação política” de Montenegro explica a relutância dos eleitores em apostar no PSD, especialmente nas suas respostas ambíguas sobre se está aberto a fazer uma aliança com o Chega.

Adriana Peixoto, ZAP //

1 Comment

  1. A única alternativa era o Presidente Rui Rio, mas fizeram-lhe tamanhas pulhices, que deu no que deu, os liberais/maçonaria (PS, CDS, PCP, BE, CH, PAN, L, IL, e a facção liberal/maçónica do PSD representada por Pedro Coelho, Luís Esteves, Paulo Rangel) agora Governam sem oposição, destruindo Portugal e os Portugueses.

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