Portugal perto de tornar a violação crime público. Diretiva europeia pressiona o PSD

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JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares.

A diretiva europeia que exige mais medidas para combater a violência contra as mulheres pode ser um empurrão final para que o PSD viabilize propostas para tornar a violação um crime público.

Portugal está perto de deixar de ser uma exceção na Europa no que diz respeito à violação, com o Parlamento perto de a tornar crime público. Após anos de impasses parlamentares, o PSD prepara-se para viabilizar propostas que classificam a violação e a coação sexual como crimes públicos, uma mudança significativa que equipararia estes crimes à violência doméstica em termos legais.

A decisão do partido, que será discutida esta quinta-feira e votada na sexta, representa um ponto de viragem após anos de abstenções e votos contra por parte do PSD. Segundo apurou o Expresso, o impulso decisivo terá vindo da diretiva europeia aprovada em abril de 2024, que exige aos Estados-Membros avanços no combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica. O prazo para implementar esta diretiva termina em 2027, aumentando a pressão para agir.

Internamente, o PSD debateu longamente a sua posição, reconhecendo o aumento dos crimes sexuais em Portugal, evidenciado por relatórios como o Relatório Anual de Segurança Interna. Apesar das reservas quanto à preservação da autonomia da vítima, o partido deverá agora apoiar propostas que garantam proteção reforçada às vítimas, nomeadamente em matéria de anonimato e direito ao esquecimento.

Entre as propostas em cima da mesa estão iniciativas do Chega, Livre, Bloco de Esquerda e PAN. Este último propõe a criação de um grupo de trabalho antes de qualquer alteração legal. Para garantir que a proposta do Bloco não seja chumbada logo na generalidade, Mariana Mortágua sugeriu que o projeto baixe à especialidade sem votação. Além dos proponentes, também a Iniciativa Liberal e o JPP já confirmaram o voto a favor.

Até agora, Portugal, Itália e San Marino são os únicos países europeus que ainda não consideram a violação um crime público, contrariando as recomendações da Convenção de Istambul, ratificada por quase 40 países do Conselho da Europa. Se o PSD confirmar o seu apoio, mesmo que o PS vote contra, o Parlamento poderá garantir que Portugal deixar de estar nesta lista de exceções.

ZAP //

4 Comments

  1. Se for público, basta que alguém denuncie relações entre duas pessoas, para que tenha de existir uma investigação. Mesmo que essas pessoas tenham consentido e o afirmem, já não se livram do escrutínio e incómodos de um processo judicial.
    Portugal , e muito bem, deixava a decisão às partes sobre se tinha ou não havido consentimento.
    Uma coisa é garantir que as mulheres têm direitos iguais, outra é ser-se paranoico, feminazista ou desproteger os homens!

    Em algo, que se passa entre dois, é sempre mais difícil provar que não se passou, do que o contrário!

    A única coisa positiva é que iam deixar de existir gatos para adoptar, pois os homens ou davam a assinar um termo de consentimento antes de iniciar o romance ou ficariam desprotegidos caso houvesse desentendimento futuro no relacionamento… ou até no casamento… Sabe-se bem que os casos de simulação de crime, quase nunca dão em nada!

    Não compensa, a qualquer homem, iniciar um relacionamento, pois caso acabe, além de perder património, ainda arriscará a ser condenado e ficar com a vida ainda mais estragada e sem acesso a trabalho (quem contrataria um “agressor sexual”?).

    Assim, por cá, tal como noutros sítios, dados os exageros, caminha-se para um futuro de famílias monoparentais, com filhos concebidos por inseminação artificial (excepto para o caso das culturas estrangeiras , que favorecem a procriação)

    Ser homem é, cada vez mais, ser um alvo… só se vai manter o “direito” a pagar impostos… qualquer dia nem votar…

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    • É pertinente o seu ponto de vista. Embora defenda o aumento das penalizações em caso de violação, é verdade quando estas alterações têm o patrocínio da extrema-esquerda é necessário considerar os exageros e resguardar os direitos dos homens inocentes.

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