Portugal vai receber cerca de 6,1 milhões de vacinas contra a covid-19 até final do ano, dispondo de doses suficientes para voltar a vacinar toda a população, caso seja necessário, anunciou hoje o coordenador da ex-task force.
“Se quiséssemos vacinar outra vez toda a população com uma terceira dose, tínhamos vacinas suficientes para o fazer, não sendo, eventualmente, necessário”, afirmou Henrique Gouveia e Melo na Assembleia da República, onde foi ouvido para balanço da atividade da task force que implementou o plano de vacinação.
Segundo o vice-almirante, quando a task force cessou as suas funções, em 28 de setembro, estavam ainda disponíveis cerca de 2,5 milhões de vacinas, estando previstas chegar no quarto trimestre mais 6,1 milhões de doses, a que se vão juntar as já contratadas para os primeiros meses de 2022.
Perante os deputados, Gouveia e Melo adiantou ainda que Portugal enviou para outros países cerca de dois milhões de doses – um pouco mais de 10% do total de vacinas que recebeu -, das quais cerca de 400 mil foram vendidas.
“Este processo foi conduzido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pela task force, no sentido de não disponibilizar vacinas que pudessem impactar o plano imediatamente e, por outro lado, não deixar que vacinas se desperdiçassem por perderem a validade”, referiu o antigo coordenador.
Sobre a administração de uma terceira dose a idosos com mais de 65 anos, Henrique Gouveia e Melo adiantou que está em causa vacinar cerca de 2,5 milhões de pessoas nesta fase que arrancou esta semana para reforçar a imunidade contra o vírus SARS-CoV-2.
“Claro que as farmacêuticas, se fosse possível, vacinavam as pessoas todas com mais uma dose e depois as crianças até aos zero anos. Também já pediram autorização aos reguladores para vacinar até aos zero anos. Mas não são as farmacêuticas que vacinam, são os países com as suas políticas e com as suas autoridades de saúde”, considerou.
Na audição parlamentar, o vice-almirante reiterou também ser contra a “militarização da sociedade”, alegando que isso constitui “um perigo”.
“Nem todos os pregos são iguais e não há um martelo para todos os pregos”, declarou Gouveia e Melo, que definiu a missão da `task force´ como “um penso rápido” para um processo extraordinário de vacinação.
“Nós fomos chamados para fazer um penso rápido e fizemos o penso rápido. Acabou o penso rápido e apertamos a mão ao nosso contratante”, disse o antigo coordenador da task force, admitindo que o momento da vacinação simultânea contra covid-19 e a gripe “podia ser disruptivo”.
Para evitar essa situação, foi criado um núcleo de transição de oito elementos com o objetivo de internalizar os processos e as práticas da `task force´ no Ministério da Saúde, para que “fique qualquer coisa de positivo deste processo em termos organizativos”, adiantou o militar.
Neste momento, este núcleo está em funções e estão elementos do Ministério da Saúde a “operar nas instalações militares de Oeiras”, a receber esse “treino e formação sobre a forma como operamos em crise e focados na resolução de problemas muito concretos”, disse Gouveia e Melo, que foi ouvido na Comissão eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença COVID-19 e do processo de recuperação económica e social e na Comissão de Saúde.
// Lusa