O Presidente do Brasil disse este sábado, após o final da 13ª cimeira luso-brasileira, que “quer muito” ir a África “para renegociar”, mas não iria sem uma conversa prévia com Portugal, “o grande aliado” do país nessa relação com aquele continente.
Relembrando que o povo brasileiro é uma miscigenação do povo europeu, começando pelos portugueses, com os índios e os negros, que foram levados durante 350 anos para o Brasil, Lula afirmou: “Essa gente nos ensinou a falar, a cantar a fazer comida”.
“Por isso eu tenho ter muita gratidão por África e visito muito aquele continente”, acrescentou, considerando que o Brasil não pode pagar em dinheiro essa dívida para com os africanos.
“Por isso a gente tem de pagar em solidariedade, em fraternidade, em transferência de conhecimento, em ciência e tecnologia e na ajuda”, especificou, referindo alguns dos projetos que fez em países africanos, como uma escola em Moçambique, durante os seus anteriores mandatos.
E é por tudo isso que quer voltar à África, “para renegociar”. Só que isso “passa por uma conversa com Portugal, porque Portugal é o grande aliado nessa relação”, sublinhou.
Terminando com este assunto a sua intervenção, da qual disse sair “feliz, alegre”, mas lamentando ainda não ter podido comer bacalhau, com o seu tom irónico.
O presidente brasileiro chegou na sexta-feira a Lisboa para uma visita oficial a Portugal, com uma agenda intensa, que incluía uma cimeira luso-brasileira, com , mas também com um negócio aeronáutico no horizonte.
Lula da Silva estará em Portugal até 25 de Abril, dia em que se desloca para Madrid, e conta com uma delegação com um “número expressivo”, com vários ministros, entre os quais da Cultura, Transportes, Saúde, Defesa, Ciência e Tecnologia, Igualdade Racial e Direitos Humanos e da Cidadania.
O programa da visita começou com uma cerimónia de boas vindas com honras militares na Praça do Império, em Lisboa, seguida de uma outra breve cerimónia no interior do Mosteiro dos Jerónimos, com deposição de coroa de flores no túmulo de Luís de Camões.
À espera de Lula da Silva nos Jerónimos estavam dezenas de apoiantes animados e também alguns dos brasileiros que sempre apoiaram o anterior Presidente do Brasil, de extrema-direita, Jair Bolsonaro.
Depois, reuniu-se com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, a que se seguiu um encontro ampliado de delegações e um almoço com o primeiro-ministro português.
À tarde decorreu outro dos momentos altos da agenda, a 13.ª cimeira luso-brasileira, no Centro Cultural de Belém. O dia terminou com um jantar de Estado oferecido pelo Presidente português no Palácio da Ajuda.
Costa salienta “virar de página”
O primeiro-ministro, António Costa, saudou a “nova vontade” do Brasil, com o Presidente Lula, em participar na Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) e considerou que se está perante “um virar de página” nas relações bilaterais.
“Queria sublinhar a importância do dia de hoje, em que depois de sete anos de interrupção retomamos as cimeiras anuais entre Portugal e o Brasil. Retomamos estas cimeiras na segunda visita que em poucos meses o Presidente Lula faz a Portugal e na primeira visita que o Presidente Lula faz à Europa”, começou por observar António Costa.
De acordo com o primeiro-ministro português, a consequência mais clara que teve a “interrupção de contactos” entre Portugal e o Brasil “é o facto de só na próxima segunda-feira ser entregue a Chico Buarque de Holanda o Prémio Camões, que ganhou há quatro anos, em 2019”.
“Viramos, por isso, uma página”, frisou.
Na parte final da sua declaração, o primeiro-ministro saudou “a nova vontade do Brasil de participação plena e efetiva no quadro da CPLP”, dizendo que esta comunidade “ficará sempre incompleta se não tiver o Brasil. É um país fundamental, visto que é mesmo o país dominante da língua portuguesa à escala global”, justificou.
Na sua declaração, o primeiro-ministro contou que, quando propôs em novembro passado que as cimeiras luso brasileiras fossem retomadas, Lula da Silva colocou logo o dia 22 de abril como hipótese para a sua realização, “porque esse foi o dia em que, em 1500, os primeiros portugueses chegaram ao Brasil”.
António Costa assinalou ter sido “desbloqueado um processo muito antigo relativo à Escola Portuguesa em São Paulo e ao reconhecimento pelo sistema de ensino brasileiro da formação” ministrada nessa escola.
“Demos um passo importante para o reconhecimento mútuo das cartas de condução, algo fundamental para quem vai de Portugal viver para o Brasil, ou quem vem do Brasil viver para Portugal, não ter de repetir no futuro o seu exame de condução”, disse.
“Enfatizo os acordos em matéria de proteção de testemunhas, para a cooperação no combate ao racismo, xenofobia e promoção dos direitos humanos e dos valores democráticos, designadamente no espaço digital da língua portuguesa”, referiu.
No plano económico e da Defesa, o primeiro-ministro salientou que “poderemos voar no primeiro avião entregue à Força Área Portuguesa fruto da cooperação bilateral, o KC-390, aterrando na sede das OGMA (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico)”, disse.
Esta segunda-feira, será assinado em Alverca “um novo protocolo para a adaptação aos padrões da NATO de outro avião da Embraer, o A-29 Super Tucano”, um caça brasileiro.
Em matéria de energia, António Costa realçou que a EDP e a GALP vão investir nos próximos anos “5,7 mil milhões de euros no desenvolvimento de projetos energéticos no Brasil”.
“O estreitamento de relações no domínio do hidrogénio potencia muito a capacidade de produção do Brasil e o papel que Portugal pode ter como porta de entrada, através do porto de Sines, desse hidrogénio na Europa”, especificou.
A terminar, António Costa dirigiu-se ao chefe de Estado brasileiro e disse-lhe: “Foi para nós enorme honra termos tido a oportunidade de retomar estas cimeiras, que agora serão mesmo anuais, e que tenha decidido que a sua primeira viagem enquanto Presidente da República Federativa do Brasil à Europa tenha sido em Portugal”.
“É sempre bem-vindo, esta é a sua casa”, acrescentou.
Cimeira termina sem direito a perguntas
A 13.ª Cimeira Luso-Brasileira terminou sem direito a perguntas dos jornalistas, após declarações de António Costa e Lula da Silva, ao contrário do que estava previsto.
O previsto era que a comunicação social brasileira faria uma pergunta e a portuguesa outra aos chefes de Governo do Brasil e de Portugal, mas após terminar a sua intervenção Lula da Silva abraçou António Costa e depois virou-se para ele e perguntou: “Vamos?”.
Em seguida, os dois saíram do palco, enquanto alguns jornalistas pediam que houvesse perguntas, e deixaram a sala do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Questionadas pela agência Lusa, as assessorias de imprensa dos dois governos mostraram-se surpreendidas com o modo como terminou a cimeira, sem perguntas dos jornalistas.
Do lado brasileiro foi avançada como possível explicação “o adiantado da hora“. As declarações de Lula da Silva e António Costa perante a comunicação social começaram pelas 18:45, com mais de duas horas de atraso em relação ao programa, e terminaram cerca das 19:10.
ZAP // Lusa
O luladrão gosta muito de fazer negócios com países africanos envolvendo empréstimos do BNDES para custear obras construídas por empresas de engenharia “amigas” que pagaram vultuosas propinas para o meliante que constava na planilha de destinatários de propinas da Odebrecht como “o amigo do amigo do meu pai”. Tais empréstimos não foram pagos gerando calote ao BNDES.
Grande aliança com o maior ladrão de dinheiro público do Mundo! O defensor do pobre, que governa o nordeste há mais de 20 anos e continua a ser a região mais pobre do Brasil. Até cortaram a água do transvase o Rio S. Francisco. O nordestini voltou para o regime de seca.Agora, ajudar os africanos? Há quase 50 anos que vivem descolonizados, querem recolonizá-los ou é só para gastar o dinheiro do povo brasileiro, sugando o BNDS?