Portugal vai fabricar um dos maiores aviões não tripulados do mundo

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Lance Cheung, USAF / Wikimedia

Drone MQ-9 Reaper da Força Aérea dos EUA

A empresa Tekever prevê lançar, em 2025, um dos maiores aviões não tripulados do mundo, totalmente desenvolvido e fabricado em território nacional, entre Ponte de Sor, Porto e Caldas da Rainha. Chama-se ARX.

Segundo o Expresso, o drone será financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), projeto integrado das agendas mobilizadoras Aero.Next e Aerospace.

Ricardo Mendes, presidente executivo da Tekever, espera que Portugal o compre e use e que se torne “um cliente de referência”.

“Estamos a desenvolver em Portugal aquilo que será um dos principais sistemas aéreos não tripulados do mundo. O país, através do PRR, está a ajudar a financiá-lo. Queremos que, tal como fazem todos os outros países, Portugal, depois, ajude a levá-lo para o mercado, tornando-se também um cliente de referência”, indicou.

A Tekever tem um contrato com o Ministério da Defesa britânico com o AR5, um drone com quase oito metros e 20 horas de autonomia de voo, usado em patrulhas marítimas no controlo de poluição, pesca ilegal e, entre outros, tráfico humano, mas não fornece a Marinha portuguesa.

“A parte da produção de estruturas será feita primordialmente em Ponte de Sor. Será desenhado por nós, no nosso polo de engenharia nas Caldas da Rainha. Depois terá uma série de sistemas a bordo: eletrónicos, de navegação, de comunicações e sensores. Serão feitos nas Caldas da Rainha, no Porto, em Lisboa e noutros locais”, explicou Ricardo Mendes.

“O nosso objetivo é que seja um dos principais produtos mundiais nesta área”, indicou ainda. O drone em causa pode ser utilizado para combater incêndios, fazer vigilância da costa, transportar carga e salvar pessoas em risco.

De acordo com o responsável, esses drones “vão servir, desde logo, as missões que já fazemos, mas melhor e mais longe. Seremos capazes de levar mais sensores, voar mais alto e mais depressa e ter mais resistência. Vai permitir-nos cobrir áreas maiores mais eficazmente”.

“Hoje, por exemplo, precisamos de vários sistemas AR5 para conseguirmos cobrir a Zona Económica Exclusiva portuguesa. Mas o ARX vai voar com o dobro da velocidade do AR5, o que significa que irá voar a entre 200 e 300 km/hora e durante 24 horas. E irá permitir levar 150 kg de sensores, quando o AR5 leva apenas 50 kg. Também fabricamos sensores”, esclareceu o gestor.

“As empresas que trabalham no desenvolvimento de tecnologia têm de investir muito antes de vender e investir continuamente. Os fundos de suporte ao desenvolvimento e à investigação são um multiplicador da nossa capacidade de investimento. E isso permite-nos acelerar, andar mais depressa”, referiu.

A Tekever desenvolve satélites também. “Na área do espaço, temos uma estratégia interessante e que estamos a desenvolver há bastantes anos. Acreditávamos que a observação da Terra ia ser feita, não através de grandes satélites, mas por redes de pequenos satélites”, apontou Ricardo Mendes.

“E começámos a investir numa tecnologia que permite fazer um sistema de rede entre os vários satélites. Essa tecnologia é comercializável, já o fazemos, e temos vários projetos com a Agência Espacial Europeia”, contou.

“Esta é uma primeira linha. A segunda linha é um sensor de observação da Terra, os radares de arquitetura sintética (RAS) – há pouquíssimos fabricantes a nível mundial e a Tekever é um deles. É um sensor que nos permite obter imagens através de nuvens ou de copas de árvores, por exemplo, de noite ou de dia. É extraordinariamente interessante. Apostamos no desenvolvimento de um SAR que já está a bordo dos drones e pode ser utilizado a bordo de satélites”, explicou.

“Um dos projetos com que nos candidatámos ao PRR, e que foi aprovado, foi a cria­ção de uma constelação de satélites SAR”, disse Ricardo Mendes.

E continuou: “Será uma parceria da Tekever com outros investidores. O plano é que os novos satélites sejam lançados daqui a três anos. E isso permite-nos complementar a informação que já hoje proporcionamos aos nossos clientes, como a Home Office (Defesa britânica) ou a Agência Europeia da Segurança Marítima (EMSA)”, com quem tem um contrato de 30 milhões de euros.

“Estes satélites vão permitir-nos completar e cruzar a informação em tempo real vinda de drones com a informação, que não será em tempo real, mas será sobre grandes áreas, vinda dos satélites”, concluiu Ricardo Mendes.

ZAP //

8 Comments

  1. Fantástica noticia!! Precisamos de mais empresas e empresários destes em Portugal.

    Já chega de empresários que quando pensam num negócio, invariavelmente, pensa em mercearias, cafés e restaurantes.

    Cabe agora ao governo Português apoiar a empresa através da aquisição de drones que bem precisamos. Há já muito tempo que o país necessita de um sistema capaz de patrulhamento e deteção de incêndios florestais, por exemplo. Além do patrulhamento da nossa costa e águas territoriais.

    Apoiem o que é Português! Sigam o exemplo dos outros países. Porque é que industria de defesa Israelita (apenas a titulo de exemplo) chegou onde chegou?? Porque o estado Israelita é o seu cliente nº 1.

    • O drone ficou a condizer com o ministro da defesa de então, ali presente! Não conseguia dar coisa melhor? Então não desse aquela “coisa”. Não desse nada e fazia melhor figura.

    • Só para ficar esclarecido… o operador que fez o lançamento montou mal o estabilizador da cauda do AR4. A culpa não foi da aeronave. Se ver várias vezes o video (que tem má qualidade) a partir de 0:27 s, consegue-se ver a peça a cair mesmo ao lado do lançador.

  2. O nome do drone está errado!!

    É ARX e não AXR!!!

    Já outros jornais têm o mesmo erro… contactem a Tekever para confirmar, sff…

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