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Portas demitiu-se por SMS

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João Relvas / Lusa

Os presidentes do CDS-PP, Paulo Portas, e do PSD, Pedro Passos Coelho

Os presidentes do CDS-PP, Paulo Portas, e do PSD, Pedro Passos Coelho

Passos Coelho conta que no Verão de 2013 Paulo Portas não lhe atendeu o telefone e se demitiu por SMS. A revelação do primeiro-ministro foi feita na sua biografia, lançada esta terça-feira.

O episódio aconteceu no auge da crise económica, dez dias depois de o governo ter fechado a coligação para as legislativas com o actual vice-primeiro-ministro.

“Fui almoçar e quando ia a caminho da comissão permanente, às 15h00, recebi um SMS do dr. Paulo Portas a dizer que tinha reflectido muito e que se ia demitir“, lê-se na biografia de Passos Coelho, escrita por Sofia Aureliano, assessora do PSD.

Depois da demissão apresentada pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros, assim que Passos conseguiu falar com ele perguntou: “O CDS quer sair do governo? Vamos dar posse e eu não sei se há governo? O que é que eu digo ao Presidente da República?”.

O demissionário respondeu que “a sua decisão era pessoal e que não sabia o que o CDS pretendia fazer”.

Foi Maria Luís Albuquerque que esteve na origem da decisão de Portas. O ministro não parece ter concordado com o facto de a ministra ter sido a pessoa escolhida para substituir Vítor Gaspar nas Finanças.

Foi o Vítor Gaspar que me disse que o Paulo Portas se ia demitir. Eu tomava posse às 5h00, o clima era muito tenso. Mas decidi ir para Belém na mesma, uma vez que não tinha informação em contrário. Mas achei que ia ter o mandato mais curto da história”, admitiu a ministra.

Sobre a coligação, lê-se na biografia em questão que “qualquer coligação tem custos. Mas só faz sentido considerá-los numa segunda fase, cumprindo o requisito da garantia da estabilidade governativa”.

Abaixo, o texto na íntegra do comunicado apresentado por Paulo Portas a 2 de julho de 2013, no qual o ministro apresenta a sua demissão “irrevogável”, :

  • Apresentei hoje de manhã a minha demissão do Governo ao primeiro-ministro.
  • Com a apresentação do pedido de demissão, que é irrevogável, obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.
  • São conhecidas as diferenças políticas que tive com o ministro das Finanças. A sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente. A escolha feita pelo primeiro-ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual.
  • O primeiro-ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo.
  • Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao primeiro-ministro, que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível.
  • Ao longo destes dois anos protegi até ao limite das minhas forças o valor da estabilidade. Porém, a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efectivamente, dispensável o meu contributo.
  • Agradeço a todos os meus colaboradores no Ministério dos Negócios Estrangeiros a sua ajuda inestimável que não esquecerei. Agradeço aos meus colegas de Governo, sem distinção partidária, toda a amizade e cooperação.

ZAP / Lusa

6 Comments

  1. E mais não disse,
    é de homens com este carácter e postura, que o país precisa, assim já sabemos que podemos confiar num homem de palavra

  2. Opus Day, Opus Gay, Maçonaria comandam isto tudo e nós a vê-los passar, da mesma forma que são declarados os rendimentos ao TC para desempenharem funções em cargos políticos, também deveram ser obrigados a comunicar a qual destas instituições pertencem, sim porque seguramente pertencem a alguma, como forma de declaração de interesses, e assim veríamos quem era quem…

  3. Mais grave do que esta trinca de comadres parece-me a ausência de dúvidas ou questões acerca do SMS insultuoso e ameaçador do António Costa ao jornalista do Expresso. Não se percebe se os srs. Jornalistas tem Medo ou se são apenas lacaios de uma pretensa ideologia comum.

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