A polícia belga recebeu em julho de 2014, mais de um ano antes dos atentados de Paris, o alerta de que os irmãos Abdeslam preparavam um ataque e que a ameaça era iminente, informa esta terça-feira o diário L’Echo.
Segundo o jornal belga, a informação, “extremamente precisa”, foi transmitida num telefonema para a secção antiterrorista da Polícia Judiciária Federal por uma fonte bem conhecida da polícia e com credibilidade.
“Os irmãos Abdeslam, Salah e Brahim preparam um atentado. Vocês devem fazer alguma coisa“, teria dito a fonte, que tinha uma ligação direta com os irmãos, um dos quais é considerado um dos mentores dos atentados de Paris, que no dia 13 de novembro de 2015 fizeram 130 mortos e mais de 300 feridos.
A fonte acrescentou que os irmãos não escondiam as suas intenções jihadistas, principalmente no seio familiar, e contou que o Daesh e a Síria os fascinavam.
Relatou ainda que os irmãos mantinham contactos com Abdelhamid Abaaoud, considerado o comandante operacional dos atentados de Paris e também bem conhecido dos serviços policiais.
De acordo com o L’Echo, a informação chegou à divisão antiterrorista e circulou em vários grupos, tendo chegado ao conhecimento de dez a treze agentes da Polícia Judiciária. No entanto, ninguém terá tido em conta a gravidade da situação.
Em fevereiro de 2015, seis meses depois da denúncia, a polícia local de Molenbeek fez uma investigação que envolvia os irmãos Abdeslam, mas um relatório da Polícia Federal considerou que não constituíam ameaça e o Ministério Público acabou por arquivar o caso em junho de 2015.
Depois de o mundo se ter apercebido da implicação dos irmãos na preparação dos atentados na capital francesa, alguns inspetores contaram os pormenores do caso à Comissão de Monitorização da polícia belga, que está agora a tentar rastrear os fatos ocorridos.
ZAP /ABr