Se não quer engordar, limpe a sua casa regularmente. Este conselho pode juntar-se aos de fazer mais exercício e de comer menos, entre as estratégias para manter a boa forma física, depois de um estudo ter apurado que o pó que se acumula nas casas promove a produção de gordura.
O estudo, publicado no jornal científico Environmental Science & Technology concluiu que o pó que se aloja nas nossas casas, em escritórios, escolas e noutros espaços interiores, pode levar a que as células gordas acumulem mais triglicerídeos, ou seja, mais gordura.
O problema está nos chamados compostos desreguladores endócrinos (ou EDC), componentes sintéticos ou naturais que podem interferir com as hormonas humanas ou imitá-las.
Os EDC são muito frequentes no pó das casas, uma vez que se encontram presentes em produtos de limpeza, em plásticos, em tecidos tratados com retardadores de chama ou anti-fogo, em cosméticos e em produtos electrónicos.
“Não é claro, neste momento, que itens contribuem mais para as concentrações de EDC medidas no pó. O que sabemos é que a mobília, os isolamentos, a electrónica e outros componentes dos edifícios contêm estes químicos e que são fontes prováveis para o pó”, explica ao Seeker.com a investigadora Heather Stapleton, da Universidade Duke, nos EUA.
Esta ligação entre o pó e a gordura foi estabelecida depois de análises a amostras retiradas de espaços interiores de 11 casas da Carolina do Norte.
“Dez dos 11 extractos de pó caseiro [analisados] exibiram acumulação significativa de triglicerídeos e/ou proliferação em níveis ambientalmente relevantes”, conforme destacam os investigadores no estudo.
E extractos de nove amostras “estimularam as células a dividirem-se, resultando numa maior quantidade de células de gordura precursoras“.
Os investigadores testaram 44 contaminantes no pó caseiro, entre os quais químicos como ftalatos, parabenos, pesticidas e fenólicos. E os três que revelaram os maiores efeitos de produção de gordura foram um pesticida à base de piraclostrobina, um retardante de chama e um plastificante muito usado, o DBP.
Uma história que começa no útero
Esta ligação entre gordura e EDC pode começar ainda no útero, com a exposição do feto a estes desreguladores, afectando o crescimento e a forma como se desenvolvem as células estaminais.
Um EDC pode “mudar a forma como um adipócito (uma célula gorda) funciona na vida adulta”, refere Heather Stapleton no Seeker.com, realçando que “isto pode fazer com que seja mais fácil para estas células acumularem lípidos e conduzir a maiores ganhos de peso num indivíduo com alta exposição durante períodos perinatais, em comparação com alguém que não foi exposto”.
A abordagem da “esfregona molhada”
Adultos e crianças engolem, diariamente, várias gramas de pó e os efeitos dos EDC aí contidos “dependem da forma como entram no corpo”, explica ainda a investigadora.
“Os químicos que são inalados, por exemplo, podem entrar na circulação sanguínea e entrar em contacto com os nossos tecidos antes de passarem pelo fígado, enquanto os químicos que são ingeridos passam primeiro pelo fígado”, nota.
No caso de “alguns químicos, o metabolismo reduz as propriedades tóxicas, mas noutros, o metabolismo aumenta o potencial tóxico“, acrescenta.
Assim, além do apelo à indústria e aos Governos para que o uso de produtos e materiais com EDC seja reduzido, a investigadora avisa para a importância da “limpeza regular de casa”, nomeadamente com uma abordagem de “esfregona molhada”, como diz.
Só usar o espanador para limpar o pó não é recomendável, já que pode “aumentar a exposição devido à ressuspensão das partículas”, nota Stapleton.
“Também recomendamos lavar as mãos frequentemente, particularmente antes de comer, para reduzir ainda mais a exposição a estes químicos”, conclui a investigadora.
Se continuarem com este tipo de notícias, os mais obsecados para além de já perderem tempo a preparar comidas mais saudáveis e de fazer exercício durante as horas vagas, agiram vão perder os fins de semana a limpar a casa como se não houve-se amanhã…lá se vai o prazer de viver.