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Há uma planta na Austrália que é masculina, feminina e bissexual

Chris Martine

Cientistas da Bucknell University (Austrália) descobriram uma espécie de planta que pode ser masculina, feminina e bissexual.

Os investigadores publicaram a descoberta na revista PhytoKeys e chamaram a amostra, que foi descrita em 1970, mas não foi nomeada como Solanum plastisexum, em homenagem à sua vida sexual plástica.

“Quase sempre, cada espécie de planta opta por um tipo de expressão sexual primária”, explicou em comunicado, citado pelo ABC, Chris Martine, primeiro autor do estudo. “Mas o que faz com que Solanum plastisexum se destaque é que é uma das poucas que faz tudo. Nunca se sabe o que se vai encontrar quando se olha para ela”.

Os 85% das 257 mil espécies de plantas com flores (angiospermas) conhecidas têm flores bissexuais, em que os órgãos sexuais masculinos e femininos coexistem na mesma flor. Os 15% restantes optam por flores unissexuais (como as plantas de Cannabis) ou por plantas inteiras, masculinas ou femininas.

Mas Solanum plastisexum não segue as mesmas regras. Esta espécie opta pela fluência sexual. Segundo os autores do estudo, o seu nome “reflete não apenas a diversidade sexual desta espécie”, mas também “é um reconhecimento de que esta espécie é um modelo que reflete a fluidez sexual presente no reino vegetal, onde qualquer tipo de de um modo reprodutivo que se possa imaginar, dentro dos limites das plantas, está presente”.

Tanto é assim que os botânicos que encontraram esta espécie, também conhecida como tomate de arbusto de Dungowan, nos anos 70 não sabiam que tipo de sexualidade lhe atribuir.

Mas agora, graças a estudos de ADN, conduzidos pela recolha de plantas na remota região do Território do Norte da Austrália, a equipa de Martine descobriu que todas as plantas catalogadas pertencem à mesma espécie, e que não haviam sido descritas até agora. Também foi descoberto que este tomate muito peculiar é um parente distante da beringela cultivada e de duas outras espécies descobertas recentemente pela equipa de Martine.

Para os autores, esta descoberta não apenas reflete a diversidade sexual das plantas, mas também a falácia de tentar encaixar todos os seres vivos numa ideia de sexualidade “normativa” e binária, com duas formas diferentes e desconectadas. Como noutras áreas, a natureza tende a ser mais rica e mais complexa do que as ideias que temos sobre ela.

ZAP //

 

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