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PJ investiga opinião nas redes sociais sobre as eleições no PS

PJ / Facebook

A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar um texto publicado pelo inspector-chefe Paulo Ferrinho nas suas redes sociais, onde este manifesta o apoio a Pedro Nuno Santos como o líder de que o PS precisa para “agregar as esquerdas”.

A abertura da investigação foi confirmada por uma fonte da Direcção Nacional da PJ ao Diário de Notícias (DN). Em causa está uma eventual violação dos deveres de isenção e imparcialidade do Código Deontológico dos profissionais da PJ.

O inspector publicou nas redes sociais Facebook e LinkedIn um texto de opinião onde argumenta que “atendendo às condições políticas do país” e “à possível polarização de votos em vários partidos”, o ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos é o candidato a líder do PS que “melhor reúne as condições de agregar as esquerdas a 11 de Março de 2024″, ou seja, no dia seguinte às eleições legislativas antecipadas.

Além disso, Paulo Ferrinho acrescenta que José Luís Carneiro, o ministro da Administração Interna que também se candidata à liderança dos socialistas, “não tem, ainda, os apoios no partido e sociedade civil, nem dimensão nacional que possa ombrear e concorrer, em igualdade de circunstâncias, com Luís Montenegro“.

O inspector também pede a Pedro Nuno Santos “que se modere, sem deixar de ousar, que saiba escutar sem deixar de decidir, que se saiba rodear de pessoas de mérito e excelência, gente de coragem, distanciamento e desprendimento de interesses, no sentido de lhe dizerem “não” antes de cometer erros, capazes de travá-lo da explosividade, evitando-se futuros pântanos e actos de contrição de renegação pública de amizades, mitigando-se, antecipadamente, a sua impulsividade política e alguma imaturidade relacional“.

Estas opiniões podem chocar com o Código Deontológicos dos agentes da PJ, em especial quanto aos deveres de isenção e imparcialidade.

Este Código determina que os profissionais da polícia criminal devem tratar “de forma equidistante e imparcial todos os cidadãos”, actuando “segundo rigorosos princípios de neutralidade, abstendo-se da prática de qualquer acto que possa pôr em causa a liberdade da sua acção e a independência do seu juízo”.

Inspector destaca liberdade de expressão

Paulo Ferrinho acredita que não violou estas normas e realça ao DN que a sua posição foi assumida “enquanto cidadão activo“. A deontologia profissional não pode ser “um voto de silêncio e de clausura“, acrescenta.

“Se os inspectores da PJ não puderem, enquanto cidadãos, ter liberdade de expressão é que passam a ficar com a sua capacidade diminuída“, considera ainda, destacando que não trabalha na área da investigação de crimes económicos.

Ferrinho já tinha sido alvo de um processo judicial quando foi mandatário de uma candidatura autárquica em Penafiel.

Até Maio passado, liderou a Unidade Local de Investigação Criminal de Évora, pedindo a exoneração por razões pessoais após ter sido acusado num processo judicial relacionado com alegadas agressões a outro inspector da PJ.

Quanto a este caso, o inspector diz-se “completamente tranquilo” e sublinha que não é militante do PS.

ZAP //

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