A taxa Euribor desceu hoje a três, a seis e a 12 meses numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) afasta a possibilidade de uma nova subida nas taxas de juro. Uma boa notícia dada pela economista Isabel Schnabel que é vista como “o falcão” da instituição.
Isabel Schnabel, economista alemã que integra o Conselho Executivo do BCE, é apontada como “a voz mais influente no campo conservador dos formuladores de políticas” da instituição que têm defendido a subida das taxas de juro, como repara a Reuters que a define mesmo como “o falcão” do Banco Central.
Há cerca de um mês, Schnabel tinha afirmado que os aumentos nos juros deviam continuar devido às dúvidas quanto à subida da inflação.
Mas, agora, diz que mudou de ideias depois da queda significativa da inflação na Zona Euro para os 2,4%, o que contrasta com os 10% de há um ano.
“Quando os factos mudam, eu mudo de opinião”, destaca Schnabel em entrevista à Reuters, fazendo referência a uma ideia do economista britânico John Maynard Keynes.
“O número mais recente da inflação tornou uma nova subida das taxas de juro bastante improvável“, refere, assim, a economista alemã.
Esta posição aumenta as expectativas de um corte nas taxas de juro de referência do BCE ainda em 2024.
Os analistas apontam para um eventual corte de 1,25 pontos percentuais na taxa de juro de referência que está, nesta altura, nos 4%. A primeira descida pode ocorrer já em Março do próximo ano, embora numa proporção menor.
Contudo, Schnabel mantém a cautela e alerta que “temos sido surpreendidos muitas vezes em ambas as direcções”. “Portanto, devemos ser cautelosos a fazer declarações acerca de algo que irá acontecer dentro de seis meses”, realça.
Taxa Euribor desce em todos os prazos
Nesta quarta-feira, a taxa Euribor desceu a três, a seis e a 12 meses, recuando, nesta última, para o valor mais baixo desde Abril.
A taxa Euribor a 12 meses, actualmente a mais utilizada em Portugal, nos créditos à habitação com taxa variável, baixou hoje para 3,728%, menos 0,057 pontos do que na terça-feira, depois de em Setembro ter subido para 4,228%, um novo máximo desde 2008.
A Euribor a 12 meses representava 37,8% do ‘stock’ de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, segundo dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a Outubro de 2023.
Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 35,9% e 23,6%, respectivamente.
Quanto às taxas de juro, no prazo de seis meses, a Euribor, que esteve acima de 4% entre 14 de Setembro e 1 de Dezembro, recuou para 3,950%, menos 0,003 pontos que na sessão anterior e contra o máximo de 4,143% registado em 18 de Outubro.
No mesmo sentido, a Euribor a três meses recuou face à sessão anterior, ao ser fixada, também, em 3,950%, menos 0,008 pontos, depois de ter subido em 19 de Outubro para 4,002%, um novo máximo desde Novembro de 2008.
As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de Fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro directoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro.
A tendência de subida foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022.
Na mais recente reunião de política monetária, em 26 de Outubro, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de Julho de 2022, após 10 subidas consecutivas.
A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de Dezembro.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de Dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de Dezembro de 2021.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
ZAP // Lusa