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Piercing na língua poderá controlar cadeiras de rodas

foto: Australian Paralympics / wikimedia

foto: Australian Paralympics / wikimedia

Cientistas nos Estados Unidos descobriram uma forma de fazer com que pessoas possam controlar cadeiras de rodas e computadores usando um piercing na língua.

Segundo a BBC, a descoberta pode ajudar a dar mais independência a pessoas com paralisia. O movimento de um pequeno íman dentro de um piercing é detectado por sensores e convertido em impulsos eletrónicos, que podem controlar uma série de aparelhos.

A equipa de cientistas disse que está a explorar a “incrível destreza” da língua. A pesquisa foi publicada na revista científica Science Translational Medicine.

A equipa da Georgia Institute of Technology percebeu que, devido à grande flexibilidade da língua, um piercing no órgão pode servir para propósitos bem mais ambiciosos do que o meramente decorativo.

Uma grande parte do cérebro é usada para controlar a língua, que tem mecanismos bastante sofisticados usados na fala. Essas partes ficam intactas mesmo em casos de lesão na espinha dorsal, que provocam a paralisia.

“Estamos a investigar as capacidades inerentes da língua, que é uma parte tão incrível do corpo”, disse o investigador Maysam Ghovanloo à BBC.
Precisão

O piercing do tamanho de um feijão produz um campo magnético que muda quando a língua se movimenta. Sensores colocados na bochecha conseguem detectar a posição precisa do piercing.

Em testes feitos com 23 pessoas sem qualquer tipo de paralisia e 11 tetraplégicos, seis posições diferentes dentro da boca foram programadas para mover uma cadeira de rodas eléctrica ou controlar um computador. Por exemplo, quando a língua tocava o lado esquerdo da bochecha, a cadeira se mexia para a esquerda.

Em média, as pessoas tetraplégicas conseguiam desempenhar tarefas até três vezes mais rápido e com o mesmo nível de precisão, em comparação com outras tecnologias disponíveis hoje.

Os pesquisadores querem desenvolver comandos colocados em cada um dos dentes da boca, possibilitando a criação de um número “ilimitado” de instruções, permitindo que tetraplégicos possam marcar um número de telefone, mudar um canal de televisão ou até mesmo digitar uma mensagem.

“As pessoas serão capazes de fazer mais coisas e de forma mais eficiente”, diz Ghovanloo.

O investigador diz ainda que algumas pessoas mais idosas se recusaram a participar na experiência por terem restrições ao uso de um piercing na língua, mas que os mais jovens acharam a experiência “muito boa”.

Os aparelhos testados estão disponíveis apenas nos laboratórios. A equipa está a estudar formas de aumentar a estabilidade da tecnologia, para conseguir aprová-la junto às autoridades americanas. Isso abriria a possibilidade de se comercializar a descoberta.

O director da instituição de pesquisas Spinal Research, Mark Bacon, disse que o objectivo principal da ciência deve continuar a ser a busca por formas de regenerar a espinha dorsal, mas que pessoas tetraplégicas podem beneficiar muito com a tecnologia criada em laboratório.

“A língua é capaz de comandos tão sofisticados que são usados na fala que não existe motivo para não se usar esta versatilidade de movimento para controlar aparelhos de forma discreta.”

Ele refere ainda que é importante desenvolver mecanismos que protejam as pessoas de acidentes, quando a língua estiver sendo usada para actividades como comer, falar e engolir.

ZAP/BBC

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